Faltando ainda dois pregões para encerramento do mês de janeiro, o índice Bovespa mostra queda de 0,23%, e quase tudo por responsabilidade do surto de coronavírus que se propaga pela China e outros países. Mais, além disso, existe a percepção de desaceleração econômica global que mexe com a precificação dos ativos. Hoje, amanhecemos com 7.711 casos de infecção na China com 170 mortes confirmadas e já atingindo cerca de vinte países, como Tibete, Filipinas e Índia. Por aqui, já são 9 casos sendo averiguados.

Ontem, o FED decidiu manter a taxa de juros estabilizada na faixa entre 1,50% e 1,75%, dentro da aposta majoritária dos analistas. Porém, no final da entrevista coletiva do presidente Jerome Powell, ele saiu um pouco do script do comunicado e manifestou ser ainda cedo para avaliar os efeitos do vírus, disse que espera mudanças na política monetária até meados do ano, manifestou preocupação com a elevação do endividamento corporativo e com a valorização dos ativos. Foi o que bastou para os mercados encerrarem mal o dia.

A Bovespa terminou com queda de 0,94% e índice em 115.384 pontos. Hoje os mercados da Ásia capturaram esse efeito e encerraram em forte queda, Europa também trabalhando no negativo e acelerando perdas e futuros do mercado americano com igual comportamento; em dia de agenda extensa e importante que mexem com os mercados.

Na zona do euro, a taxa de desemprego de dezembro caiu para 7,4%, no menor nível desde maio de 2008. Já o índice de sentimento econômico de janeiro teve alta para 102,8 pontos, de previsão de 101,9 pontos. No mercado internacional, o petróleo em mais um dia de queda para o WTI em NY, perdendo 1,69% e com o barril cotado a US$ 52,43. O euro era transacionado em alta para US$ 1,101 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,56%, em queda. O ouro e a prata mostravam altas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago.

No segmento local, o presidente da Câmara Rodrigo Maia parece empolgado com a retomada do ano legislativo e extensa agenda de reformas para reduzir desigualdades e lamenta o governo ainda não ter enviado a reforma Administrativa, o que pode ser feito até a próxima semana. Maia espera ter concluído a reforma Tributária até o mês de abril, situação bem otimista.

A FGV anunciou o IGP-M fechado do mês de janeiro com inflação desacelerando para 0,48%, de anterior em 2,09%. Em 12 meses, o índice mostra variação de 7,81%, maior que o previsto. A confiança do setor de serviços caiu 0,1 ponto para 96,1 pontos em janeiro. O presidente Bolsonaro recuou de recontratar Santini e disse que o PPI (Parceria Privada de Investimentos) sairá da Casa Civil para a Economia.

O dia deve ser de Bovespa em queda e seria importante não perder patamar próximo de 113.200 pontos, dólar pode ser ainda forte (apesar de fraqueza no exterior) e juros em queda. Mas a agenda importante de balanços, PIB dos EUA e coletiva de Trump podem mudar um pouco os mercados de risco.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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