Na semana passada, a Bovespa andou na contramão dos mercados acionários dos EUA e perdeu 0,90%, com índice em 114.160 pontos. O dólar oscilou muito no período e sofreu várias intervenções do Bacen em operações de swap cambial, para fechar a semana com queda de 2,19% e cotado a R$ 5,56.
Nova semana começando complicada, com muitas reuniões de bancos centrais sobre política monetária, como os BCs inglês, japonês, americano, e também o nosso, o Copom. Aqui, unanimidade sobre alta da Selic, restando saber se será 0,50% ou 0,75% que ganhou força nos últimos dias. O comunicado deve vir também mais duro.
O final de semana também foi intenso com pressões para saída do governador de NY, Andrew Cuomo, por denúncia de assédio e com Biden querendo esperar o resultado das investigações para tomar posição sobre o colega. Por aqui, tivemos a fritura do ministro da Saúde, Pazuello.
Hoje mercados na Ásia encerraram o dia com comportamento misto, Europa operando em alta nesse início de manhã e mercados futuros dos EUA também em alta. Aqui, precisamos passar definitivamente o patamar dos 115 mil pontos, para adquirir maior consistência e buscar a faixa de 118 mil pontos até os 120 mil pontos perdidos.
Durante a madrugada, a China anunciou a produção industrial do primeiro bimestre anualizado em expansão de 35,1% (previsão era +30,5%), as vendas no varejo na mesma base com alta de 33,8% e os investimentos em ativos fixos com expansão de 35%, mas a previsão estava em 38,2%. Lá, os preços de imóveis novos registraram alta de 4,06% em fevereiro.
A expectativa positiva para a China e EUA (nos EUA estimativa de PIB crescendo até 8%) estimula alta do petróleo no mercado internacional e do dólar, enquanto os juros dos treasuries dão trégua e fazem mínima do dia. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 0,21%, com o barril cotado a US$ 65,75. O euro tinha leve queda para US$ 1,192 e notes americanos de 10 anos com taxa de 1,61%. O ouro e a prata tinham altas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto e viés de baixa.
Aqui, no final de semana, tivemos protesto contra o isolamento social e anúncio de lockdown em Belém com hospitais lotados, assim como em outras regiões. Aliás, o Brasil passou a Índia em contaminações e assumiu o segundo lugar, atrás apenas dos EUA. Nesse meio de caminho, o ministro Pazuello foi fritado e negou que tenha pedido para sair por problemas de saúde e o nome cogitado da cardiologista Ludhmila Hajjar também foi excluído por questões de críticas ao presidente.
Inflação em alta, dólar em alta e juros possivelmente na mesma direção incomodam bastante Bolsonaro e seu projeto de reeleição.
O dia inclui a divulgação do IBC-Br de janeiro, a nova pesquisa Focus semanal do Bacen e o saldo da balança comercial da semana anterior.
Nos EUA, teremos o índice de atividade de NY. Expectativa é que a Bovespa pode reagir, mas a tônica será de volatilidade de efeitos do noticiário. Dólar e juros com viés de alta.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado