Hoje foi dia de os mercados manterem forte volatilidade, aqui e no exterior, mas conseguindo sair da nítida tendência de queda dos últimos dias e até invertendo sinais. No mercado internacional, o petróleo invertendo para queda e, na Bovespa, dia de vencimento de derivativos, para alta, chegando a recuperar o patamar de 118.000 pontos. Mas o curto prazo segue bastante indefinido por conta do exterior e, aqui, por nossas idiossincrasias.

O dia foi de agenda fraca, mas com os investidores aguardando a divulgação da ata da última reunião do FED para descobrir alguma situação que indique os próximos passos em direção à retirada de estímulos monetários. Jim Bullard, presidente do FED regional de St. Louis, disse ver progressos que justificariam a retirada de estímulos (tapering) até o primeiro trimestre de 2020 e que a inflação poderia ficar acima de 2,5% em 2022.

Já a ata do FED reportou fortalecimento da atividade e emprego com progresso na vacinação. Os membros tiveram acesso a dados para debate interno sobre tapering e seguem acreditando que as pressões inflacionárias são transitórias, mas também mais fortes que o previsto. Sobre tapering, ficou a leitura que a reunião de setembro pode ser oportuna para formar consenso e a redução de estímulos deve ocorrer ainda neste ano, mas alta dos juros ainda demora. Os mercados reagiram com melhora, mas, em seguida, voltaram para tendência mais fraca do dia.

Ainda nos EUA, a construção de novas residências de julho registrou queda de 7,0%, mas novas permissões cresceram 2,6%. O Departamento de Energia dos EUA computou queda dos estoques de petróleo na semana anterior de 3,2 milhões de barris, com a utilização da capacidade industrial subindo para 92,2%, vindo de 91,8%.

A OMC também divulgou dados otimistas sobre a recuperação econômica de seus membros capturados pelo barômetro de comércio, com o índice atingindo recorde de 110,4 pontos, cerca de 20 pontos maior do que na comparação anual. Já as autoridades de saúde dos EUA estão disponibilizando a dose de reforço de vacinas contra a covid-19 e a variante Delta depois de sucesso nos testes com idosos.

No mercado internacional, o petróleo, que tinha começado o dia com boa recuperação, foi perdendo tração e inverteu o sinal, mostrando queda de 2,57% para o WTI, negociado em NY, com o barril cotado a US$ 64,88. O euro era transacionado em leve queda para US$1,17, e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,29%, sem muita reação depois do leilão de títulos de 20 anos. O ouro e a prata também tiveram inversão de tendência para quedas na Comex, e commodities agrícolas com viés de queda na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado, em Qingdao, na China, tombou 4,58%, com a tonelada em US$ 153,39, no menor nível desde de fevereiro, depois de ter atingido máxima de US$ 222,39 em julho. Restrições fortes na China justificam o comportamento.

No segmento doméstico, muitos temores com o quadro fiscal, a inflação e as notícias pessimistas da reunião hoje do Bacen com analistas justificando previsões piores para inflação, Selic e PIB. Além disso, a busca por reeleição de Bolsonaro amplia o risco fiscal com políticas populistas e deprecia a moeda real. A Receita Federal falou sobre o projeto CBS (contribuição sobre bens e serviços), que pode ser votada brevemente.

O relator da reforma do Imposto de Renda, Celso Sabino, disse que existe forte lobby na câmara para reduzir a alíquota de imposto sobre dividendos, mas a Receita diz que alíquotas altas podem estimular a “pejotização” (criação de empresas) para fugir do tributo. A Opas (Organização Pan Americana de Saúde) declarou que a transmissão do vírus no Brasil segue intensa e que não é hora de baixar a guarda. Bruno Funchal, secretário especial do Tesouro e Orçamento, estima que a dívida bruta chegue a 81,2% do PIB no fim do ano. Disse que o desafio maior é a receita crescer com a economia e as despesas caírem com controle.

O Bacen anunciou o fluxo cambial até 13/08 positivo em US$ 1,59 bilhão (em julho, foi de US$ 831 milhões) com o canal financeiro contribuindo com ingressos de US$ 1,29 bilhão. No ano, o fluxo é positivo em US$ 17,76 bilhões, contra igual período negativo em US$ 15,19 bilhões. No ano, os ingressos pelo canal financeiro montam em US$ 1,38 bilhão. A posição cambial líquida subiu para US$ 275 bilhões, e as perdas com swap em agosto montam a R$ 13,33 bilhões.

No mercado, dia de dólar oscilando muito e pressão altista levando a cotação acima de R$ 5,37, para fechar com +1,95% e cotado a R$ 5,377 (máxima). Na Bovespa, na sessão de 16/08, os investidores estrangeiros alocaram recursos no montante de R$ 1,21 bilhão, deixando o saldo positivo de agosto em R$ 3,64 bilhões e entradas líquidas em 2021 de R$ 43,4 bilhões.

No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 0,16%, Paris perdendo 0,73% e Frankfurt com +0,28%. Madri e Milão com altas de 1,18% e 0,50%, respectivamente. No mercado americano, o Dow Jones com -1,08% e Nasdaq com -0,89%. Na Bovespa, inversão de tendência na parte da tarde para alta e, no fechamento, voltando a cair pesada e próxima da mínima do dia, com -1,07% e índice em 116.642 pontos. Vale e siderúrgicas com comportamento negativo por conta da queda do minério e de restrições na China.

Na agenda de amanhã, teremos a segunda prévia do IGP-M de agosto, e a CNI divulga a confiança da indústria em agosto. Nos EUA, o índice de atividade industrial de Filadélfia em agosto, os pedidos de auxílio desemprego da semana anterior e o índice de indicadores antecedentes do Conference Board.

Fonte: Modalmais

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