Ontem foi dia de os investidores em mercados de risco darem uma parada para ajustar expectativas, enquanto aguardavam decisão do BCE (BC europeu sobre política monetária). O BCE correspondeu e ampliou a compra de PEPPs (Pandemic Emergency Purchase Programme) para 1,35 trilhão de euros, agregando mais 600 bilhões de euros. Mas a coletiva de Christine Lagarde, presidente, mostrou preocupação, apesar de acreditar que a zona do euro já atravessou a pior fase.

Nas aberturas, os mercados reagiram num primeiro momento positivamente, para depois reforçarem o processo de queda. Aqui acompanhamos esses movimentos, mas a Bovespa com apetite ao risco acabou fechando em alta de 0,89%, com índice em 93.828 pontos depois de ter vazado o patamar de 94 mil pontos.

Hoje mercados da Ásia encerraram o dia e a semana com altas. Europa operando com boas valorizações nesse início de manhã e futuros do mercado americano mostrando também altas. Aqui a expectativa é que a Bovespa possa mirar o objetivo na faixa de 98 mil / 99 mil pontos nos próximos pregões, mas depende da continuidade de fluxo de recursos e tranquilidade política.

Motivo do apetite para o risco reside nas aberturas bem sucedidas de economias (sem relatos de segunda onda de contágio pela covid-19), e também com a reunião por vídeo da OPEP+ que deve prorrogar cortes até o final de julho e melhorar o cumprimento desses cortes, principalmente no que tange ao Iraque e Nigéria. Além disso, aguardamos a divulgação do payroll americano com a destruição de vagas no mercado de trabalho bem menor de no mês de abril, ao redor de 8,5 milhões (anterior em 20,5 milhões).

Na Alemanha, as encomendas à indústria encolheram 25,8%, na maior queda histórica desde 1991. Na comparação anual, queda de 36,6%. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 2,19%, com o barril cotado a US$ 38,23. O euro era transacionado em leve queda para US$ 1,132 e notes américa nos com taxa de juros de 0,85%. O ouro e a prata mantinham quedas na Comex e commodities agrícolas com comportamento de alta na Bolsa de Chicago.

Aqui, o IGP-DI de maio mostrou inflação em alta para 1,07% (anterior em 0,05%), acumulando no ano, alta de 2,89% e em 12 meses de 6,81%. Destaque para matérias-primas brutas com alta de 4,15%. O IPC-C1 das classes de mais baixa renda observou deflação de 0,30%.

O presidente Bolsonaro disse ter acertado com o ministro Paulo Guedes duas parcelas de Auxílio Emergencial, mas segundo o Insper, com a prorrogação de benefícios o déficit primário pode atingir R$ 1,3 trilhão, quando a projeção oficial do Tesouro era de R$ 708 bilhões. Já os recursos para socorro de Estados e Municípios deve começar a chegar na ponta final em 9/6.

Segundo a Anbima, os fundos de investimentos tiveram saques em maio de R$ 14,9 bilhões (maior parte em renda fixa), enquanto a poupança (pasmem) captou R$ 37,2 bilhões (tem razão nos recursos emergenciais). O dia vai ser de espera do anúncio do payroll que pode mudar os mercados, mas podemos intuir Bovespa em alta, dólar e juros mais fortes.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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