Na semana passada, mesmo com os estrangeiros voltando a sacar recursos da Bovespa de forma intensa (até 8/7 saíram R$ 3,01 bilhões e no ano pico de R$ 79,5 bilhões), o mercado registrou alta de 3,37%, com o índice em 100.031 pontos, pela primeira vez desde 6/3. O Dow Jones teve alta de 0,96% e o Nasdaq com novo recorde de pontuação histórica com +4,01%, função da boa performance das ações de tecnologia. O dólar por aqui com muitas oscilações durante a semana terminando praticamente estável, com a moeda americana cotada a R$ 5,32.
A nova semana começando com a promessa de uma agenda cheia de eventos importantes e com capacidade de mexer com os mercados risco em todo o mundo e também por aqui. Vamos ter o PIB do segundo trimestre na China e bateria de dados de conjuntura como produção industrial e vendas no varejo, investimentos em ativos urbanos, preços de imóveis; tudo em junho. Teremos reunião da OPEP que pode flexibilizar a produção em função da demanda crescente por óleo.
Dados de inflação nos EUA (CPI) de junho, atividade industrial de NY e confiança do consumidor de Michigan. Os bancos centrais do Japão (BoJ), BCE (europeu) e Canadá fazem reuniões sobre juros e Christine Lagarde do BCE dá coletiva e pode não flexibilizar mais a política monetária. Aqui teremos o IBC-Br, uma prévia do PIB de junho, sendo anunciados e votações importantes no Congresso Nacional. Permeando tudo isso, começa a safra de balanços do segundo trimestre no exterior, mexendo pontualmente com as ações. Hoje já tivemos PepsiCo surpreendendo positivamente e a ação subindo 2,1% no pré-mercado dos EUA.
Hoje mercados começando com uma visão positiva de tudo isso, pelo menos por enquanto, mostraram Bolsas da Ásia encerrando com altas e destaque para Tóquio com +2,22% e Xangai com +1,77%, Europa iniciando o dia com altas maiores que 0,50% e mercado futuros americanos com altas nesse início de manhã. Aqui, há espaço para evoluir em alta mirando aquele novo objetivo que temos falado, lá perto dos 105 mil pontos.
Mas os investidores também vão seguir avaliando a possibilidade de uma segunda onda da covid-19 pelo mundo, principalmente nos EUA com novos recordes e na Índia, além de restrições de contato social em outros países como Bulgária e Palestina. Na Europa, a situação parece mais branda. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY dá o tom negativo, aguardando OPEP com queda de 1,73% e barril cotado em US$ 39,85. O euro era transacionado em alta valendo US$ 1,133 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,63%. O ouro e a prata tinham altas na Comex e commodities agrícolas em quedas na Bolsa de Chicago.
Aqui a semana embute a possibilidade de o Congresso derrubar o veto presidencial para extensão até final de 2021 da desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da atividade (mas lideranças estão conversando), que tinha custo mensal antes da pandemia de algo como R$ 7 bilhões. Os militares também estão avaliando declarações do ministro do STF, Gilmar Mendes, de que o Exército estava se ligando ao “genocídio”.
O dia traz na agenda a divulgação de nova pesquisa semanal Focus do Bacen que não deve conter grandes mudanças, o saldo da balança comercial da semana anterior e, nos EUA, o resultado fiscal de junho e fala do presidente do FED regional de NY, John Williams. Expectativa para o dia de Bovespa seguindo em alta, dólar mais fraco e juros longos com viés de alta.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado