Prudência parece ser a palavra de ordem dos mercados de risco para a sessão de hoje por parte dos investidores em todo o mundo, diante de extrema volatilidade assumida pelos mercados, um dos efeitos da pandemia do coronavírus. O início da nova semana promete lances importantes para serem avaliados, e principalmente a efetividade das medidas tomadas por bancos centrais e governos de diferentes países.

A precipitação em operar nesse momento pode levar a tomadas de decisões erradas, e com taxas de juros no patamar em que estão, dificilmente daria para corrigir erros.

Na nossa visão, quem está comprado em mercados de risco e não necessita dos recursos com urgência deve aguardar as ações que estão sendo adotadas em bloco por organismos e governos e principalmente avaliar a efetividade à luz dos riscos que estão dispostos a correr. Quem está fora e é mais afeito ao risco pode estar diante de um bom momento para começar a montar posições de forma progressiva, aproveitando preços de ativos em liquidação de boas empresas, sempre com horizonte temporal de médio e longo prazo para retornos. Aqueles que tentam operações de daytrade devem avaliar os riscos de um mercado com intensa volatilidade e mudanças bruscas.

Hoje, mercados no mundo novamente com fortes perdas nesse início de manhã, e com muito para ser avaliado em termos de medidas que foram e estão sendo tomadas. Ontem o FED (Banco Central americano) decretou extraordinariamente reduzir a taxa de juros básica em 1%, para o intervalo entre zero e 0,25%, reduziu a necessidade de reservas dos bancos, além de comprar US$ 700 bilhões em títulos e hipotecas; sem prejuízo do que já vinha fazendo em termos de recompra de títulos (repo). Começou nova fase de QE (quantitative easing).

O BOJ (Banco Central do Japão) dobrou as compras de ETFs (Exchange Traders Funds) de 6 trilhões de ienes para 12 trilhões de ienes. Ainda assim, a Bolsa de lá inverteu tendência e perdeu 2,46% durante a madrugada. O BC da Coreia do Sul reduziu juros para 0,75% e o PBOC (Banco Central da China) injetou 200 bilhões de yuanes no sistema financeiro. Porém, os governos têm que fazer mais, principalmente aqueles que têm espaço fiscal para estimular.

Os números que estão sendo coletados indicam forte desaceleração das economias.

Na China, os preços de imóveis novos subiram 5,83% em fevereiro, mas a produção industrial do bimestre encerrado em fevereiro encolheu 13,5%, as vendas de imóveis caíram no mesmo período 34,7% e as vendas no varejo com queda de 20,5%.

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 6,97%, com o barril cotado a US$ 29,52. O euro era transacionado em alta para US$ 1,116 e notes americanos de 10 anos com juros em queda para 0,75%. O ouro com leve alta e a prata em forte queda na Comex e commodities agrícolas com quedas na Bolsa de Chicago. Mesmo com tudo que está sendo feito a reação dos mercados é muito negativa. A Bolsa de Londres perdia 6,55%, Paris com -8,88% e Frankfurt com -7,57%. Madri e Milão com quedas de respectivamente 9,50% e 8,81%.

No segmento doméstico, na nossa visão, o Copom não deveria esperar a reunião ordinária de quarta-feira e reduzir a taxa de juros Selic em cerca de 1%, além de outras ações ligadas à liberação de mais compulsório e venda de reservas para tentar manter a taxa cambial funcional. Será preciso aguardar o noticiário durante o dia para tentar prever reações dos mercados. Nesse aspecto, o câmbio parece ser crucial e a desvalorização do real junto com as perdas recentes podem motivar compras, mesmo com toda a aversão ao risco reinante.

Voltamos a recomendar prudência, principalmente na atuação de curto prazo.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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