Bolsas da Ásia em boa parte fechadas por conta de feriado, Europa encerrando com boas altas e mercados nos EUA também com boas recuperações. Aqui, a Petrobras com alta forte garantiu mercado positivo durante todo o pregão, seguindo exterior e principalmente nova valorização do petróleo no mercado internacional. Isso, apesar de indicadores de conjuntura não tão positivos.
Logo cedo tivemos a notícia que tribunal na Alemanha em decisão judicial bloqueou compra de ativos, o que não inibe a flexibilização monetária, mas gera tensões na União Europeia. Nessa mesma linha, houve declarações do presidente do Bundsbank, Jens Weidmann, dizendo que a recuperação da Alemanha não será rápida.
Já nos EUA, o saldo deficitário da balança comercial de março voltou a crescer 11,42% para US$ 44,42 bilhões, enquanto o PMI da atividade de serviços de abril caiu para 26,7 pontos, vindo de 39,8 pontos e pior que o previsto. O ISM de serviços também de abril encolheu para 41,8 pontos.
Já o presidente Donald Trump deu declarações positivas dizendo que vão reconstruir a maior economia do planeta de forma rápida e prevê redução de impostos sobre folhas de pagamentos e ganhos de capital.
A presidente da Câmara americana Nancy Pelosi avança com pacote de medidas fiscais de US$ 800 bilhões para combate ao Covid-19. Além disso, vários dirigentes regionais do FED deram declarações sobre FED agindo com vigor e decisão sobre a crise (Raphael Bostic de Atlanta), se a crise for bem administrada a recessão pode ser curta (James Bullard do Fed de St. Louis) e que é razoável esperar recuperação do PIB no segundo semestre (Charles Evans de Chicago).
O Reino Unido e os EUA também iniciaram discussões sobre acordo comercial, fato que aliviou mais os mercados. No segmento internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 20,06%, com o barril cotado a US$ 24,48. O euro era transacionado em queda para US$ 1,085 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,65%. O ouro e a prata operando em alta na Comex e commodities agrícolas com comportamento de alta.
No segmento doméstico, o IBGE anunciou a produção industrial de março em contração de 9,1%, com 2020 também em contração de 1,7%. A média móvel trimestral mostrou encolhimento de 2,4%, no pior momento desde maio de 2018 e com queda em 23 das 26 categorias. Destaque negativo para a contração de mês de capital em março de 15,2% e bens de consumo com -14,5%. Isso mostra bem como serão os próximos meses da pandemia e reforça PIB fraco, possivelmente em queda maior de 5%.
De outra feita, o secretário do Tesouro Mansueto de Almeida disse que a dívida pública pode sim fechar na casa de 90% do PIB. Mas se parte da liquidez que o Bacen está dando for revertida, vai contribuir para redução em 2021. Já a Moody’s elogiou a rápida ação dos bancos brasileiros em resposta às adversidades e enfatizou que a diversificação alivia efeitos.
Do lado político, a Câmara discute a ajuda aos Estados e Municípios, com o relator Pedro Paulo ampliando as categorias excluídas do congelamento. Mas Rodrigo Maia quer votar sem alterações para ir rápido para sanção presidencial. No final do dia, a CNN Brasil começou a divulgar trechos do depoimento de Moro no sábado declarando que queria trocar o superintendente do RJ e se não fosse possível demitiria o ministro e o diretor da Polícia Federal.
No mercado, dia de DIs com quedas de juros e aguardando a decisão do Bacen amanhã, dólar com forte alta durante o dia e fechando com +1,30% e cotado a R$ 5,592. Na Bovespa, em abril, houve saída de recursos de investidores estrangeiros no montante de R$ 5,07 bilhões, deixando o saldo negativo de 2020 em R$ 69,41 bilhões. A B3 também quer rever lote mínimo do mercado fracionário e estuda extensão do mercado.
No mercado acionário, dia da Bolsa de Londres em alta de 1,66%, Paris com +2,40% e Frankfurt com +2,51%. Madri e Milão também com altas de respectivamente 1,11% e 2,06%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,56% e Nasdaq com +1,13%. Na Bovespa, recuperação com alta de 0,75% e o índice em 79.470 pontos. Na máxima, atingimos 81.065 pontos.
Na agenda de amanhã, teremos o PMI de serviços de abril no Brasil, o IBC-Br de abril e fluxo cambial da semana anterior. O dado mais importante será a decisão do Copom onde se espera corte da Selic de 0,50%.
Nos EUA, teremos a pesquisa ADP sobre criação de vagas no setor privado que antecede ao payroll que sai na sexta-feira e os estoques de petróleo e derivados da semana anterior.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado
