Ontem os mercados no Brasil passaram o dia pesados, conforme antecipávamos em nossos comentários de abertura e em dia de vencimento de opções para o prazo de agosto, com volume de exercício de R$ 12,8 bilhões, sendo que R$ 7 bilhões em opções de venda. A Bovespa encerrou com queda de 1,73%, perdendo o patamar de 100 mil pontos do índice (chegou a estar em queda de 2,5%), dólar em alta de 1,30 e fechando em R$ 5,50 e juros longos também pressionados. O Nasdaq americano, ao contrário, fechou com novo recorde histórico de pontuação.
Motivo para isso: o estresse entre o presidente e seu ministro Paulo Guedes, a reforma tributária gerando muitos ruídos, e principalmente o teto de gastos: manter ou não manter, ou usar subterfúgios como fizeram governos que antecederam.
Hoje mercados da Ásia terminaram o dia com comportamento misto, pesando a deterioração das relações entre a China e os EUA e também o ressurgimento da contaminação na Coreia do Sul, com altas nos últimos cinco dias. A Europa começou o dia no negativo, mas já passa para o positivo e acelera, e o mesmo acontece com os futuros do mercado americano. Aqui, temos que recuperar o patamar perdido em 100 mil pontos e tentar ultrapassar novamente a faixa de 194 mil pontos, para o Ibovespa ganhar maior tração. Mas precisamos do concurso dos investidores estrangeiros que estão retirando recursos com consistência da Bovespa.
Nos EUA está começando a convenção dos Democratas, com o candidato Joe Biden pedindo união contra o presidente Trump e tendo como trunfo quatro governadores Republicanos pedindo votos e declarações importantes de Michelle Obama. Os EUA, também querem o Brasil na tecnologia 5G, mas longe das empresas chinesas como a Huawei. Ocorre que nosso maior parceiro comercial é exatamente a China, o que complica e muito a situação do Brasil.
O BCE (BC europeu), diz que os bancos da zona do euro só vão recuperar plenamente lá pelo ano 2022. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 0,61%, com o barril cotado a US$ 42,63. O euro era transacionado em alta para US$ 1,19 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,68%. O ouro e a prata mostravam altas expressivas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago.
Aqui, o ministro Paulo Guedes disse que Bolsonaro tem muita confiança nele e que ele também confia no presidente, selando a união e saindo da frigideira que a imprensa tinha colocado. Porém, o ministro segue sob pressão para arranjar recursos para o Renda Brasil que garantiu o apoio ao presidente durante a pandemia com os auxílios emergenciais. As discussões sobre reforma tributária também prosseguem com o governo mostrando alguma inabilidade em propor a CPMF adiantada e sem normas e também em dizer que a carga tributária não vai aumentar, quando alguns setores terão elevação.
Também tivemos a divulgação do IPC da Fipe da segunda quadrissemana de agosto com expansão para 0,33% (vindo de 0,28%), e a segunda prévia do IGP-M de agosto com +2,34%, também em aceleração de anterior em 2,02%.
A agenda do dia é fraca e sem capacidade de interferir nos mercados, e a expectativa é de Bovespa recuperando, dólar mais fraco e juros longos ainda pressionados.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado