Ontem, investidores em todo o mundo ficaram preocupados com o travamento do acordo entre republicanos e democratas sobre o pacote de estímulo fiscal — que virou uma grande novela —, e também pela ação antitruste movida por Estados americanos contra o Facebook, atingindo outras gigantes de tecnologia. Com isso, passaram a realizar lucros recentes. A Bovespa encerrou o pregão com queda de 0,70% e índice em 113.001 pontos. O dólar reverteu queda e fechou com alta de 0,97%, cotado a R$ 5,17. O Dow Jones com queda de 0,35% e o Nasdaq com -1,94%.
Hoje, mercados ainda vão repercutir isso, agravado pelo dilema do aumento de contágio e óbitos pelo Covid-19, principalmente na Alemanha e nos EUA, e o início da vacinação massiva de populações de países desenvolvidos. Aqui, ainda vamos ter que reverberar a decisão do Copom de ontem de manter a Selic estável em 2,0%, mas com comunicado bem mais duro e sugerindo aumento de juros, provavelmente mais cedo que o esperado. Entretanto, também vai ajustar o câmbio para operação extra de swap cambial.
Hoje, as bolsas da Ásia fecharam majoritariamente com quedas, Europa começou o dia com altas e desacelerando em relação a abertura, enquanto o mercado americano estava levemente positivo nesse início de manhã. Aqui seria bom não perder o patamar de 113.000 pontos do Ibovespa e buscar aproximação de 115.000/116.000 pontos.
Sobre o Brexit, a decisão de acordo entre a União Europeia e o Reino Unido ficou mesmo para o final da semana, mas a União Europeia apresenta hoje medidas de contingência para um Brexit sem acordo. Já a Hungria acha possível integrar o acordo sobre o orçamento da União Europeia. Ela e a Polônia estavam contra a aprovação. No Reino Unido, a produção industrial de outubro encolheu 5,5%, mas a previsão era pior, com queda de 6,6%. Na Europa, a expectativa é que o BCE (BC europeu), em decisão de hoje, flexibilize a política monetária ainda mais para evitar recessão.
A China restringiu viagens de autoridades americanas para Hong Kong, em retaliação às sanções impostas. Nos EUA, a reunião do FDA, que controla os medicamentos, pode liberar a imunização pela vacina produzida pela Pfizer.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 1,03%, com o barril cotado a US$ 45,99. O euro era transacionado em alta para US$ 1,21 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,92%. O ouro e a prata com leve queda na Comex, enquanto as commodities agrícolas apresentavam comportamento de alta na Bolsa de Chicago. O minério de ferro, transacionado em Qingdao, na China, teve forte alta de 4,28%, com a tonelada encerrando em US$ 156,58.
Aqui, depois de ontem Rodrigo Maia ter falado grosso contra a inação do governo e equipe econômica, ainda acrescentou que o governo age pesado para emplacar Arthur Lira na presidência da Câmara em fevereiro. Já na Saúde, o Brasil perde tempo precioso em contratar vacinas e, por conta disso, a imunização da população pode atrasar muito.
Na agenda do dia teremos as vendas no varejo de outubro e o levantamento sistemático da produção agrícolas pelo IBGE. Já nos EUA, a inflação pelo CPI (consumidor) de novembro, os pedidos de auxílio desemprego da semana anterior e a oferta e demanda agrícola pelo USDA. Também esperamos a decisão do BCE sobre política monetária.
Expectativa para o dia é que Bovespa possa recuperar alta, com dólar mais fraco e juros ajustando para Copom mais duro.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado