O dia até que se mostrava razoavelmente tranquilo no início da manhã, com Bolsas da Ásia encerrando em alta, Europa operando no positivo e futuros do mercado americano com boa valorização. Aqui, sempre com mais problemas, tínhamos quadro meio indefinido por conta da área política e expectativa com relação à decisão do Copom sobre juros. Minério de ferro em alta na China dava o toque positivo e petróleo também em alta.

No correr do dia, as notícias e os mercados foram mudando, o petróleo passou para o campo negativo quando o DOE (departamento de Energia americano anunciou alta dos estoques na semana anterior em 4,6 milhões de barris e em cushing com +2,1 milhões. Logo em seguida tivemos o anúncio de que a pesquisa ADP de criação de vagas no setor privado americano em abril mostrou corte de 20,2 milhões de vagas, e ela antecede a divulgação do Payroll que ocorre na próxima sexta-feira com as vagas nos setores público e privado. A partir daí, o mercado americano passou a perder tração, influenciando também a Europa e a Bovespa.

Também tivemos dirigentes regionais do FED falando sobre a economia, como Bullard de St. Louis, dizendo que o maior impacto aconteceria no segundo trimestre, possivelmente com a maior destruição de vagas da história, transição no terceiro trimestre e recuperação já no quarto trimestre. Já Kaplan, do FED de Dallas, estimou que a queda do PIB americano no segundo trimestre pode ficar entre 25% e 30% anualizada e a taxa de desemprego pode subir até 20%.

Além disso, os EUA voltaram a fazer pressão sobre a China no que tange à divulgação do Covid-19, com o secretário Mike Pompeo falando que não foram transparentes, que poderia ter evitado milhares de mortes e que o vírus veio de acidente em laboratório em Wuhan. A China rebateu as críticas estimulando os americanos a mostrarem as evidências disso. Sobre isso, a OMS (Organização Mundial da Saúde) contabilizou 3,5 milhões de infectados em todo o mundo e quase 250 mil óbitos.

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 2,85%, com o barril cotado a US$ 23,86 (esteve acima de US$ 25). O euro era transacionado em queda para US$ 1,08 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros em alta para 0,70%. O ouro e a prata operando em queda na Comex e commodities agrícolas com viés negativo na Bolsa de Chicago. O minério de ferro na retomada dos negócios na China fechou em alta de 0,37%, com a tonelada em US$ 84,35.

No segmento local, a Câmara aprovou em segundo turno a PEC do orçamento de guerra que volta ao Senado, mas para a equipe econômica restou derrota no projeto de ajuda aos Estados e Municípios liberando algumas categorias do congelamento de salário (no geral militares), com apoio tácito do governo, ou seja, aqueles que ficaram sem dinheiro e que vão pagar salários ao funcionalismo.

A agência de classificação de risco Fitch é que justificou a mudança da perspectiva do Brasil para negativa ontem, explicando que o ambiente político é complicado, a situação fiscal é frágil e há deterioração na economia. Acrescentou que um processo de impeachment geraria muitas dúvidas, sobretudo na aprovação de reformas tão necessárias.

O Bacen anunciou que o fluxo cambial de abril ficou negativo em US$ 1,38 bilhão (fluxo financeiro negativo em US$ 6,82 bilhões), acumulando no quadrimestre saídas de US$ 12,73. O Bacen perdeu no mês com as operações de swap R$ 8,3 bilhões e bancos vendidos em câmbio de US$ 29,2 bilhões. A posição cambial líquida estava em US$ 303,4 bilhões e durante abril, o Bacen vendeu moeda à vista no montante de US$ 6,6 bilhões. Mesmo considerando tudo isso, o real é uma das moedas mais desvalorizadas no ano. Aqui, ainda tivemos o PMI de serviços de abril em queda para 27,4 pontos, vindo de 34,5 pontos.

No mercado, dia de DIs em queda esperando a decisão do Copom onde as apostas admitem queda de até 0,75% para a Selic, com a taxa indo para 3%. O dólar também pressionado pela mesma razão registrou alta de 1,97% e fechou cotado em R$ 5,70. Na Bovespa, na primeira sessão de maio, os estrangeiros retiraram R$903,4 milhões, com o saldo do ano negativo em R$ 70,3 bilhões.

No mercado internacional, a Bolsa de Londres praticamente estável com +0,07%, Paris em queda de 1,11% e Frankfurt com -1,15%. Madri e Milão com perdas de respectivamente 1,13% e 1,31%. No mercado americano, o Dow Jones com -0,91% e Nasdaq com +0,51 %. Na Bovespa, dia de queda de 0,51% e índice em 79.063 pontos.

Na agenda de amanhã, a Anfavea divulga a produção automotiva de abril, o BOE (BC inglês) a decisão sobre juros e nos EUA dados da produtividade do trabalho do trimestre, os pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior, o volume de crédito ao consumidor de março e discurso do dirigente Harker de Filadélfia.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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