Ontem mais para o meio tarde, o mercado americano adotou alta forte e o Dow Jones encerrou com valorização de 4,53%, enquanto Nasdaq subiu 3,85%. Isso ajudou a Bovespa a fechar com alta de 1,60% e índice em 107.224 pontos, mas na máxima do dia atingiu 107.808 pontos.
Isso ajudou também no bom desempenho dos mercados asiáticos durante a madrugada e nas aberturas dos mercados da Europa. Mas na Europa isso durou pouco e os mercados inverteram tendência e voltaram ao campo negativo. Nos EUA, os índices também operam no campo negativo, o que significa que ontem foi dia de acertar no cravo, e hoje estamos batendo da ferradura. O dia começando ruim e acelerando perdas. Aqui, seguimos marcando como objetivo a ultrapassagem inicial do patamar de 108.600 pontos para ganhar mais força, mas pelo menos hoje parece adiado.
Ontem os membros da OPEP e OPEP+ não chegaram a acordo sobre cortes de produção de óleo e a Rússia não acatou a sugestão da OPEP de corte adicional de 1,2 milhão de barris/dia. Mas a OPEP disse que a decisão a ser tomada comtemplará os efeitos do coronavírus sobre a economia global e acrescentou que a China passa por um momento difícil.
Aliás, a China relatou durante a madrugada mais 31 mortes pelo vírus e 139 novos casos de infecção. Porém, isso é menor do que o relatado pela Coreia do Sul com 145 novos casos num total de 5.766 casos. Nos EUA, o vice-presidente Mike Pence disse que o risco de contágio doméstico é baixo para os americanos, apesar de 100 novos casos nessa situação.
Seguindo na linha da flexibilização, o FED ontem aprovou simplificação de regras de capital para grandes bancos, depois de reduzir juros e de fazer recompra de títulos.
No mercado internacional, o petróleo sofre com a indecisão da OPEP e o óleo WTI negociado em NY mostra volatilidade nos negócios e agora volta a subir 0,45%, com o barril cotado a US$ 46,99. O euro era transacionado em alta para US$ 1,118 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros em queda para 0,96%. O ouro tinha alta e a prata em queda na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago.
Aqui, o ministério da Saúde anunciou o terceiro caso de infecção em São Paulo e ainda existe outro aguardando contraprova. Já no plano político, o Congresso ontem acatou alguns vetos do presidente Bolsonaro no orçamento impositivo, mas também derrubou outros e proibiu que o governo bloqueie recursos em seis áreas, incluindo IBGE e Embrapa.
O ministro Paulo Guedes declarou dedicação e empenho na aprovação da reforma Tributária que deve sair com alguma coisa (resta ver como) e estimou crescimento do PIB em 2020 acima de 2%, quando a mediana das projeções já tendeu para 1,8% e manteve viés de queda.
Na sessão de hoje, a Bovespa pode sofrer realizações e os estrangeiros seguem retirando recursos. Até a sessão de 2 de março, já tinha produzido saídas líquidas da Bovespa de R$ 42,3 bilhões, se aproximando de tudo que foi sacado no ano de 2019, no montante de R$ 44,5 bilhões. O dólar mais fraco no exterior não implica em comportamento semelhante no segmento doméstico, mas o Bacen já anunciou ontem que fará colocação adicional de 20.000 contratos de swap cambial, algo como US$ 1 bilhão. Os juros devem permanecer com viés de queda diante do quase consenso de que o Copom irá reduzir juros na próxima reunião de 18/3, faltando fechar se será 0,25% ou 0,50%.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado