São muitas as informações para serem avaliadas e reverberadas pelos investidores e, por aqui, um pouco mais. Isso significa que os mercados devem manter a volatilidade alta, com giro de ativos e bruscas mudanças intraday.

Ontem, por volta de 17 horas, os investidores foram surpreendidos e atropelados pela notícia de que o ministro do STF, Edson Fachin, anulou todos os processos de condenação do ex-presidente Lula na Lava Jato do Paraná, que não eram referentes à Petrobras. Com isso, voltamos à estaca zero. A reação foi muito forte na Bovespa com desarme de preços e o índice fechando com queda de 3,98%, em 110.611 pontos.

Dólar também em alta no encerramento de 1,67%, cotado a R$ 5,78. Os juros também fecharam com fortes altas para todos os vencimentos.

Hoje dia terminando com comportamento mistos nas principais Bolsas asiáticas e destaque para Tóquio com +0,99%. Europa operando em leve alta nesse início de manhã, mas querendo recuperar tração e futuros do mercado americano com altas, especialmente a Bolsa Nasdaq que tem sofrido forte pressão vendedora. Aqui, investidores vão ter que ajustar um pouco mais para a decisão de Fachin, com expectativa de Lula voltar a cena política, e já antevendo polarização nas próximas eleições e populismo sendo exacerbado. Vamos atravessar período de complicações ainda maiores.

No Japão, o PIB final do quarto trimestre mostrou expansão de 2,8% (anterior em 3%), e na zona do euro, na terceira leitura, uma contração de 0,7%, e taxa anual de -4,9%. Já que estamos falando de PIB, a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou alterações de projeções. Agora o PIB global deve crescer em 2021 5,6% (de anterior em 4,2%), e em 2022 com +4%. Para os EUA, a mudança foi forte e deve crescer 6,5% (de 3,2%), na zona do euro com +3,9% e China em contração para +7,8%, de anterior em 8%. O Brasil também melhorou na visão da OCDE para expansão de 3,7%, de anterior em 2,6%.

Na Alemanha, o superávit de janeiro na balança comercial atingiu 22,2 bilhões de euros, fruto de exportações maiores em 1,4% e importações em queda de 4,7%. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava recuperação com + 1,09% e barril cotado em US$ 65,76. O euro era transacionado em alta para US$ 1,19 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,59%. O ouro e a prata subiam fortes na Comex e commodities agrícolas com viés de alta na Bolsa de Chicago.

Aqui, Bolsonaro mina pretensão da equipe econômica e quer derrubar a vedação a progressão de carreiras e promoção de servidores na PEC (preservando policiais), e diz que Arthur Lira e Daniel Freitas (relator da PEC) devem discutir e que pode sair uma “PEC paralela”. Já os servidores da Receita Federal iniciam paralisação hoje e amanhã. Na economia, começa a vigorar pressão maior de alta da Selic na reunião do Copom desse mês, e pode migrar da previsão de + 0,50% na Selic, para algo maior.

Na agenda do dia, teremos o volume de serviços prestados em janeiro a ser anunciado pelo IBGE e dados do Caged (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego) de janeiro. Nos EUA, sai a confiança do pequeno empresário de fevereiro e, durante a noite, dados de inflação na China em fevereiro.

A agenda não tem capacidade de mudar tendência, mas, em compensação, o noticiário estará novamente quente com a votação da PEC na Câmara prevista para amanhã. A expectativa é que a Bovespa possa recuperar parte da perda acentuada de ontem, mas dólar e juros fazendo contraponto de alta, apesar do dólar fraco no exterior.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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