As minutas da última reunião do FOMC (concluída no dia 4/11) trazem relativamente poucas informações novas sobre a percepção econômica dos participantes, mas nota-se evolução da discussão em torno da necessidade de maior clarificação sobre os programas de compras de ativos.
Em termos de descrição da situação econômica vemos uma repetição de diversas ponderações colocadas anteriormente, como ritmo diferenciado entre setores bem como relevância do suporte das políticas fiscais e monetárias implementadas na sequência da crise.
Ao mesmo tempo, a perspectiva sobre mercado de trabalho reforça a tese de melhora mais rápida do que o antecipado, enquanto mantém-se a visão de que certos segmentos e grupos específicos foram mais afetados do que outros.
Há um receio de que isto possa aumentar a disparidade entre diversos segmentos sociais (uma narrativa que reforça a tese de Powell a favor dos benefícios de “deixar o mercado de trabalho aquecido”).
Sobre a inflação, nota-se tranquilidade em relação aos preços de serviços, enquanto o avanço em alguns grupos é atribuindo a aceleração de bens mais demandados durante a pandemia. Há também uma discussão sobre desajuste de preços relativos e incerteza em relação a quanto tempo levará para que estes desajustes normalizem.
Finalmente, o foco da minuta relaciona-se com a discussão em torno das compras de títulos. O comitê indica claramente que pretende manter o ritmo de compras e que dará mais clarificação qualitativa sobre até quando as compras persistirão (“Many participants judged that the Committee might want to enhance its guidance for asset purchases fairly soon”). Não há, no entanto, indicação evidente de aumento do ritmo de compras ou estenda a maturity do portfólio, visto que o comitê encara o ritmo atual como já provedor de acomodação.
Felipe Sichel
Estrategista do banco digital modalmais
Fonte: https://www.modalmais.com.br/blog