Mês fechando fraco
O último dia do mês de setembro está começando fraco para os mercados de risco no mundo, depois de performance também fraca ontem. Na sessão de ontem, a Bovespa perdeu 1,15%, com índice abaixo dos 94 mil pontos que vínhamos marcando como importante, dólar praticamente estável em R$ 5,637, enquanto o Dow Jones perdeu 0,48% e Nasdaq com queda de 0,29%.
Investidores hoje reverberam o debate ruim entre Trump e Biden e declarações de Christine Lagarde, presidente do BCE (BC europeu). Os mercados da Ásia encerraram o mês com comportamento misto e destaque negativo para Tóquio com queda de 1,50%, Europa com dia começando negativo e futuros do mercado americano com quedas próximas de 1%.
Aqui, perdemos o patamar de 94 mil pontos do Ibovespa, setembro está negativo em 5,8% e 2020 com queda acumulada de 19,1%, enquanto investidores estrangeiros seguem sacando recursos. Além disso, pesam as inconstâncias políticas e possíveis pedaladas fiscais, sem que surjam intenções de cortes de despesas.
Hoje foram divulgados indicadores PMI industrial misto para a China de setembro, com o índice oficial em alta para 51,5 pontos (mostra expansão fraca) e o PMI Caixin com queda na margem para 53 pontos. No Reino Unido, nova leitura do PIB do segundo trimestre mostrou queda de 19,8%, mas a previsão era de -20,4%. Angela Merkel, da Alemanha, prevê fase difícil para o país, mas segue querendo evitar o “lockdown” em regiões.
Já Lagarde, do BCE, fala de rever medidas de política monetária e estratégia e também houve alerta sobre risco de compras em larga escala de bônus. O debate de ontem entre Biden e Trump beirou o caos com intervenções constantes do presidente, não houve exposição de programas e Trump aparentemente não conseguiu seduzir os indecisos, ele que está cerca de 8% atrás de Biden.
Em compensação, o projeto que evita o shutdown do governo deve ser votado hoje no Senado americano (uma boa notícia) e Nancy Pelosi voltou a conversar com Mnuchin sobre pacote fiscal que republicanos gostariam que ficasse em US$ 1,5 trilhão.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 1,27%, com o barril cotado a US$ 38,79. O euro era transacionado em queda para US$ 1,17, depois de declarações de Lagarde e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,65%. O ouro e a prata mantinham quedas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago.
Aqui, o Senado suspendeu dívidas de clubes durante a pandemia e a Câmara aprovou prorrogação do benefício para montadoras. O governo também tenta convencer o STF sobre necessidade de venda de refinarias pela Petrobras, em votação que deve ocorrer hoje.
Na agenda do dia, alguns dados com capacidade de influir no comportamento dos mercados, em dia complicado de encerramento de mês. Teremos dados da PNAD contínua do trimestre encerrado em julho, com taxa prevista de desemprego de 13,7%, a nota de política fiscal de agosto, o fluxo cambial da semana anterior e dados do Caged de agosto. Nos EUA, a nova pesquisa ADP de setembro sobre criação de vagas no setor privado que antecede o Payroll de sexta-feira, nova leitura do PIB do segundo trimestre e estoques de petróleo e derivados. Além disso, saem as vendas pendentes de imóveis de agosto e discursos de dirigentes do FED.
Expectativa para o dia é de Bovespa fraca, mas virada de mês é sempre complicada, dólar afetado pelo encerramento da PTAX e juros pressionados em alta.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado