Por conta da semana curta de apenas dois dias úteis, não faremos nosso tradicional resumo da semana. Também, o tema único foi a expansão do coronavírus por quase meia centena de países, deixando os investidores atônitos e buscando açodada proteção para seus investimentos. Por aqui tivemos alguns dados de conjuntura sendo apresentados, mas o coronavírus também dominou as preocupações. Do lado político, com o Congresso estendendo o feriado de Carnaval por toda a semana, não tivemos nenhuma discussão mais importante, exceto as críticas feitas ao presidente por suposto encaminhamento de vídeo convocando para as manifestações marcadas para o próximo dia 15/03.

Mas nem por isso deixamos de dizer que foi a pior semana para os mercados de risco no mundo desde o evento do subprime de 2008, com forte destruição de preço dos ativos e enorme sensação de perda de riquezas. Nem mesmo o ouro, que nessas horas acaba sendo a proteção maior, adiantou depois de bater recorde de preço em sete anos, acabou mostrando dias de volatilidade e até de queda.

O último dia da semana e do mês de fevereiro transcorreu ainda em clima de grande volatilidade, mas foi possível observar o retorno de alguns compradores de ocasião, aproveitando fortes quedas em algumas ações líderes e realizando lucros no câmbio.

No cenário externo, vários formadores de opinião e dirigentes de bancos centrais expressaram posição de não ser ainda possível dimensionar os impactos do coronavírus na economia global e individualizada. Nessa linha estiveram o presidente do Bundesbank (Alemanha) e do BOE (BC inglês), assim com vários dirigentes regionais do FED.

Nos EUA, o secretário de Trump, Kudlow, disse que estão querendo politizar o surto do vírus, que ainda não existe problemas de fornecimento e que os mercados foram longe demais e os investidores devem voltar às ações. Ainda por lá, tivemos a divulgação do índice de confiança do consumidor de Michigan em alta para 101 pontos em fevereiro e o índice ISM de atividade de Chicago subindo para 49 pontos em fevereiro, vindo de anterior em 46 pontos.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) disse que, nas últimas 24 horas, a China observou a menor expansão do vírus em um mês, com 78.959 casos de infectados e 2.791 mortes. Fora da China, são 4.351 casos, em 49 países e 67 mortes. Divulgaram que 23 países estão com apenas um caso de coronavírus. Segundo a OMS, a maioria dos pacientes serão curados e já existem mais de 20 pesquisas em curso sobre vacinas.

Mas os mercados seguiram reagindo mal. O petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 4,86%, com o barril cotado a US$ 44,80, mesmo com a Arábia Saudita forçando posição na OPEP que a produção deve ser cortada. Aqui, a Petrobras em função da queda recente do óleo anunciou redução de preços na cadeia de combustíveis. O euro era transacionado em alta para US$ 1,10 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,15%. O ouro e a prata tiveram dia de fortes quedas na Comex, e commodities agrícolas também em quedas na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China (Qingdao), observou queda de 2,05%, com a tonelada encerrando em US$ 83,96.

No segmento local, o IBGE anunciou que a taxa de desemprego do trimestre encerrado em janeiro foi de 11,2%, contra 12% de igual período de 2019. Somos mais de 38, 3 milhões na informalidade e 11,7 milhões sem carteira assinada. A taxa de informalidade está em 40,7%, tudo indicando que a qualidade da recuperação ainda é baixa. Trabalhando por conta própria são 24,6 milhões, 4,7 milhões de desalentados e faltava trabalho para 26,4 milhões de pessoas. A população ocupada estava em 94,8 milhões. Os números melhoraram mais de forma lenta e ainda com baixa qualidade.

Já o Bacen anunciou que o déficit primário em 12 meses está em R$ 52,5 bilhões e o déficit nominal em 12 meses mostrava R$ 436,1 bilhões, significando 5,98% do PIB. A dívida líquida do setor público montava a 54,2 do PIB e a dívida bruta estava em 76,1% do PIB. Os gastos com juros em 12 meses estavam em R$ 383,6 bilhões.

No mercado, dia de DIs com comportamento de queda dos juros para vencimentos mais líquidos e o dólar chegou perto de R$ 4,52, para fechar em R$ 4,478 (+0,05%), e na semana com valorização de 1,93%. Na Bovespa, na sessão de 26/02, os investidores estrangeiros fizeram o maior saque diário no montante de R$ 3,06 bilhões, com o mês de fevereiro mostrando saídas líquidas de R$ 15,7 bilhões e acumulando no ano saídas de R$ 34,91 bilhões, mas de 78% de tudo que saiu em 2019. O CDS Brasil (Credit Default Swap), uma espécie de seguro de crédito, que estava abaixo de 100 pontos, hoje estava em 140 pontos.

No mercado acionário, a Bolsa de Londres registrou perda de 3,39%, Paris com -3,38% e Frankfurt com -3,86%. Madri e Milão com quedas de respectivamente 2,92% e 3,58%. No mercado americano, o Dow Jones com queda de 1,39% e Nasdaq com +0,01%. Na semana, o Dow Jones com perda de 12,4% e Nasdaq com -10,5%. Na Bovespa, dia de alta de 1,15% e índice em 104.171 pontos. Na semana, a Bovespa registrou perda de 8,07% e em fevereiro de perda de 8,42%.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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