Na semana passada, com a volta da aversão ao risco nos mercados, as Bolsas encerraram a semana com perdas. A Bovespa terminou o período com desvalorização de 2,83% e índice me 93.834 pontos e dólar em R$ 5,46, com valorização pela terceira semana seguida de 2,74%. O Dow Jones terminou a semana com queda de 3,31% e Nasdaq com -1,90%.
O motivo voltou a ser a covid-19, com a expansão do contágio e óbitos em países que tinham flexibilizado o isolamento social, com destaque para novos recordes nos EUA e Alemanha, e fechamento de regiões em Pequim e na província de Hebei.
Hoje, mercados começando a semana com aversão ao risco, mas já tentando alguma recuperação para o campo positivo. Investidores reverberam anúncio na China de que a empresa CNBG testou vacina em mais de 1 mil pacientes e com 100% de eficácia. Mas ainda assim, mercados da Ásia encerraram o dia com quedas, Europa abrindo no negativo e passando para o positivo e futuros do mercado americano com comportamento misto. Aqui, melhor seria não testarmos a perda do patamar de 90 mil pontos do Ibovespa, sob pena de acelerar, e conseguirmos ultrapassar o patamar de 98 mil/99 mil pontos, quando teríamos maior consistência de movimentos.
Na zona do euro, o índice de sentimento econômico subiu para 75,7 pontos, mas a previsão era que ficasse em 79 pontos. Na China, a S&P manteve a classificação de risco de longo prazo em A+ com perspectiva estável, e a China deve ser um dos únicos países a manter crescimento em 2020, segundo o FMI com +1%. Lá, o lucro empresarial cresceu em maio 6% contra igual período em 2019, sendo a primeira variação positiva de 2020.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava leve alta de 0,28%, com o barril cotado a US$ 38,59. O euro operava com alta para US$ 1,128 e notes americanos com juros em 0,64% para títulos de 10 anos. O ouro operava em alta e a prata em queda na Comex e commodities agrícolas com viés negativo na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China é que encerrou com queda de 3,38%, perdeu o patamar de US$ 100 e fechou cotado a US$ 99,85.
Aqui, a FGV anunciou o IGP-M fechado de junho em alta forte para 1,56% (anterior em +0,28%), com a inflação em 12 meses indo para 7,31%, quando em maio estava em 6,51%. A confiança na indústria é que teve alta de 16,2 pontos, indo para 77,6 pontos, a maior expansão desde que a série é coletada.
No campo político, o final da semana não foi tão positivo. Circulam notícias de que Fabrício Queiroz busca a delação premiada junto com sua família, e isso pode complicar a situação do senador Flávio, filho do presidente. Aliás, as negociações com o centrão no Senado visam também blindar o filho do presidente. O centrão abiscoitou o comando da Conab. Também a PEC das eleições, que tenta retardar o processo para o período entre 15/11 e 20/12, incluiu a possibilidade de novos auxílios aos prefeitos e retomada da propaganda.
O presidente reajustou o bônus dos militares para atender demanda, e a operação Lava Jato teve demissões no final de semana, depois que a PGR tentou obter dados sobre ações em estados como RJ e SP. A PGR diz que a Lava Jato não é um órgão autônomo.
Expectativa para o dia é de a Bovespa tentando recuperar, dólar mais calmo e juros com alta. Mas a agenda da semana é bem pesada e com capacidade de influir no comportamento dos mercados, tendo como destaque o acompanhamento da evolução/involução da covid-19 pelo mundo.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado