Ontem, a Bovespa teve dia de forte alta, fundada na elevação do minério de ferro na China afetando Vale e siderúrgicas, petróleo também com melhora no mercado internacional e ainda por conta de valorização das ações de bancos. O Ibovespa encerrou com alta de 2,49%, aos 115.370 pontos, mas chegou bem perto (-24 pontos) de onde projetávamos como importante em 115.600 pontos. O dólar encerrou cotado a R$ 4,326, novo recorde nominal desde o Plano Real.
Hoje, as Bolsas asiáticas terminaram o dia com boas altas, a Europa seguindo idêntica tendência e futuros do mercado americano também com valorizações nesse início de manhã. Aqui, ainda precisamos ultrapassar a faixa de 115.600 pontos, para buscar patamar mais elevado acima da casa dos 117.000 pontos.
Na China, a província de Hubei confirmou a morte de mais 94 pessoas infectadas. O balanço do coronavírus indica 44.653 infectados e 1.113 mortes. Na zona do euro a produção industrial de dezembro mostrou contração de 2,1%, quando o previsto era -1,6%, e isso depois de Christine Lagarde do BCE (Banco Central Europeu) ter dito que a região está em desaceleração desde o início de 2018. Já a agência de classificação de risco S&P indicou que a zona do euro e o Reino Unido devem ser impactados pelo coronavírus. Ontem todos os dirigentes de bancos centrais falaram sobre o vírus e a impossibilidade de prever o que acontecerá.
Mesmo com isso, os mercados têm mais um dia de boa recuperação derivada da percepção de fraca letalidade do vírus e vacinas sendo pesquisadas. O índice STOXX-600 tem mais um dia de recorde. Na Argentina, o governo adiou pagamento de dívida que ocorreria na semana para o mês de setembro próximo.
Já nos EUA, a primária do partido Democratas em New Hampshire trouxe Bernie Sanders como vencedor e Biden ficou somente com o quinto lugar. Dessa feita, não houve confusão na apuração. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 1,52%, com o barril cotado em US$ 50,70, em dia de divulgação de estoques na semana anterior. O euro era transacionado estável em US$ 1,09 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,61%, em alta. O ouro e a prata tinham quedas na Comex e commodities agrícolas com viés de alta na Bolsa de Chicago.
Aqui, a Câmara ontem aprovou o texto base da MP (medida provisória) do crédito rural, e hoje discute os destaques. Já Paulo Guedes disse ontem aos governadores que os impostos sobre combustíveis serão discutidos na reforma tributária. Sem clima, o governo adia discussão da reforma administrativa e com isso os ajustes da economia vão sendo retardados.
Já o Financial Times, recomendou em artigo que se veja o “lado bom” da desvalorização do real. Na agenda do dia teremos as vendas no varejo de dezembro, com o varejo restrito podendo emplacar o oitavo mês seguido de alta. Teremos também o fluxo cambial da semana anterior. Nos EUA falam quatro dirigentes do FED, inclusive o presidente Powell, e teremos o resultado fiscal de janeiro.
Expectativa é de Bovespa em alta, dólar mais fraco e juros em queda.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado