Apesar de tudo que os países estão fazendo no combate ao coronavírus e seus impactos nas economias, os mercados não mostram sintomas de equilíbrio. Ao contrário, a volatilidade permanece alta e os investidores seguem sob forte tensão. Ontem foi dia de recuperação em função de medidas anunciadas em todo o mundo, com a Bovespa em alta de 4,85% (índice em 74.617 pontos), Dow Jones com +5,20% e Nasdaq com +6,23%.
Mas hoje voltamos ao normal desses dias com forte queda global e ADRs do Brasil em quedas (Petrobras, Vale, etc.), e também os ETFs. O motivo é a expectativa de recessão global, no pior desempenho em três décadas, isso segundo a OMC (Organização Mundial do Comércio). Aqui não é diferente e já se fala em economia estagnada em 2020 e até em recessão de 0,5%.
Lá fora, os EUA prometem cheque de US$ 1.000 para cada cidadão, além de tudo que já está sendo feito. O secretário do Tesouro Mnuchin falou em desemprego de até 20% (hoje está na casa de 3%) sem a ajuda do Governo. Os democratas e republicanos parecem conhecer a urgência da situação e estão juntos.
O FED também anunciou instrumento de crédito para dealers primários para apoiar empréstimos para famílias e empresas. Aqui, o presidente da Câmara Rodrigo Maia cobra do governo resolver os problemas de fluxo de caixa de pequenas, médias e grandes empresas, enquanto o senador José Serra encaminha projeto de suspensão da meta fiscal. Além disso, o parlamento deve votar Estado de Calamidade, o que permitiria sair da LRF e ampliar o déficit primário. Contudo, é necessário fiscalizar os gastos. A equipe econômica marcou coletiva de imprensa para as 11 horas para explicar medidas que estão sendo adotadas.
A Islândia reduziu os juros básicos e o BOJ (BC japonês) defende a compra de ETFs, mesmo incorrendo em prejuízo. Nos EUA, Joe Biden venceu a Superterça e isso pode ocasionar a saída de Sanders da disputa da indicação pelos democratas. Na zona do euro, a inflação pelo CPI de fevereiro ficou em 1,2% anualizada e núcleo idêntico.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 5,83%, com o barril em US$ 25,38. O euro era transacionado em queda para US$ 1,098 e notes americanos de 10 anos com juros em 1,10%. O ouro e a prata com quedas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago.
Aqui o governo reafirmou empenho com reformas estruturais e a FGV anunciou a segunda prévia do IGP-M de março em 0,09% (anterior em zero), acumulando alta em 2020 de 1,43% e em 12 meses de 6,54%.
Agenda do dia inclui a decisão do Copom que está entre queda de 0,50% e 1% para a Selic, e os investidores vão ficar de olho no noticiário de momento sobre medidas, aqui e no exterior.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado