Na semana passada a Bovespa registrou recuperação, subindo 9,50% com o índice em 73.428 pontos. O dólar por aqui com alta de 1,50% e cotado na sexta-feira em R$ 5,102. O Dow Jones também encerrou a semana com alta de 12,8% e o Nasdaq com valorização de 9,05%. No ano de 2020, a Bovespa ainda mostra perda de 36,5%.
Neste início de semana, temos mercados da Ásia com comportamento de queda durante a madrugada, Europa também operando em queda nesse início de manhã, mas já um pouco afastada das mínimas e futuros do mercado americano virando para positivos. Aqui, seria importante não perdemos mais o fundo feito ao redor de 61 mil pontos do Ibovespa, e seria muito positivo se com seguíssemos superar a faixa dos 83 mil pontos, quando a Bovespa ganharia maior consistência de recuperação. Mas certamente a volatilidade vai continuar pesada no mercado.
Dois fatores marcam o comportamento dos mercados hoje. De um lado a guerra de preços do petróleo e produção entre a Arábia Saudita e a Rússia, com os demais países com petróleo dependentes pressionando a OPEP, e de outro, claro, todo o constrangimento planetário do coronavírus. Ontem, durante a noite, o petróleo caia mais de 5%, já que a Arábia Saudita não quis participar de reunião de conciliação para acertar políticas. Quanto ao coronavírus os investidores se assustam com a expansão de contágio, com a Espanha agora na linha de frente disso.
Expansão também nos EUA, Trump anuncia distanciamento social até 30/4, testes diários com 50 mil pessoas (o que vai elevar o número de infectados) e o pico de contágio previsto em duas semanas. Três primárias democratas que aconteceriam no início de abril foram transferidas e pesquisa de final de semana indicou que Biden ganharia de Trump com 49% das intenções de voto, contra 40%.
Na China, o PBOC anunciou redução de juros das operações de recompra reversa de sete dias de 2,4% para 2,2%. Na Austrália, novos estímulos para a economia foram anunciados no montante de US$ 80 bilhões, chegando agora a cerca de 16,4% do PIB australiano. Na zona do euro, o índice de sentimento econômico de março caiu para 94,5 pontos (anterior em 103,4 pontos), na maior queda já registrada para o indicador.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 5,16%, com o barril cotado a US$ 20,40. O euro era transacionado em queda para US$ 1,106 e notes americanos de 10 anos com taxa de juro de 0,64%. O ouro e a prata com quedas na Comex e commodities agrícolas com viés de alta na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China teve queda de 3,91%, com a tonelada em US$ 82,98.
Aqui, ontem o presidente Bolsonaro foi para a rua encontrar comerciantes e ambulantes, mas os vídeos postados no Twitter foram retirados. Já o BNDES anunciou ontem reforço no volume de recursos para R$ 97 bilhões (estava em R$ 55 bilhões e o ministro Paulo Guedes voltando para Brasília disse que o volume de recursos já chega a mais de R$ 700 bilhões). Resta ver se serão suficientes (vários países estão aumentando) e se chegará com a presteza necessária para quem precisa. Hoje o Senado vota os R$ 600 de ajuda para informais.
A FGV anunciou o IGP-M fechado de março com boa alta de 1,24%, acumulando inflação no ano de 1,69% e em 12 meses de 6,81%. Matérias-primas tiveram alta de 4,77%. Já o índice de confiança de serviços caiu 11,3 pontos para 82,8 pontos. Os dados da nova pesquisa semanal Focus estão saindo com alguns dados piores. IPCA de 2020 em queda para 3,57%, Selic em 3,50% e PIB encolhendo 0,48% (anterior em +1,48%) e Dólar mantido em R$ 4,50 no final do ano e produção industrial caindo para +0,85%, de anterior em 1%.
A expectativa para o dia é de Bovespa operando em queda, dólar mais forte e dependendo da atuação do Bacen com juros em queda.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado