Ontem, apesar de indicadores fracos divulgados no mundo e também aqui, os mercados iam muito bem no campo positivo, buscando maior equilíbrio e ajudado por forte alta do petróleo no mercado internacional. No final da tarde, a CNN Brasil divulgou o depoimento do ex-ministro Moro feito no sábado e a Bovespa acabou reduzindo alta, enquanto o dólar arranhou novamente a cotação de R$ 5,60. A Bovespa ainda terminou com valorização de 0,75%, os 79.470 pontos, depois de ter subido acima de 81 mil pontos, enquanto o Dow Jones encerrou com alta de 0,56% e Nasdaq com +1,13%.
Hoje mercados da Ásia voltando de feriado prolongado terminaram o dia com altas, Europa operando com comportamento misto e querendo melhorar e futuros do mercado americano em nova alta nesse início de manhã. Aqui precisamos passar mais uma vez a barreira de 80 mil pontos do Ibovespa, para tentar ganhar de novo o patamar de 83 mil pontos e depois próximo de 86 mil pontos. Não deveríamos perder faixa próxima de 77 mil pontos.
Aqui começamos o dia com a Fitch reduzindo a perspectiva da classificação de risco do Brasil para negativa, mas mantendo a nota em BB-. Investidores também vão operar com pé no freio esperando a decisão do Copom sobre juros Selic, que sai depois de pregão encerrado. Já o ministro Celso de Mello do STF, autorizou as oitivas de ministro de Bolsonaro sobre denúncias feitas por Moro e a entrega de gravações de reunião citada.
Sobre o Covid-19, ontem o Brasil bateu o trágico recorde de 600 óbitos em 24 horas. São 7.921 mortes e 114.715 mil infectados pelo vírus, enquanto o Pará determinou processo de lockdown no estado. Na economia, o secretário Sachsida já disse que as medidas adotadas são suficientes para os próximos três ou quatro meses, e é preciso monitorar onde pode faltar recursos. Já a Câmara aprovou ontem o texto base do socorro aos Estados e Municípios como veio do Senado, mas acatou destaque sobre distribuição de recursos pelo número de infectados pelo Covid-19.
No cenário externo, a Alemanha anunciou que as encomendas à indústria de março encolheram inusitados 15,6% (previsão era -10%), num tombo histórico. Já na zona do euro, as vendas no varejo caíram 11,2% em março, de previsão de -10,3%. Os indicadores PMI de serviços e compostos da Alemanha e zona do euro vieram muito fracos, como esperado.
Na União Europeia, houve mudança de expectativas de crescimento do PIB em 2020 para queda de 7,7% (anterior era +1,2%) e 2021 com expansão de 6,3%. Já a inflação de 2020 deve ficar praticamente estável com +0,2%. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 3,71%, com o Barril cotado a US$ 25,47. O euro era transacionado em queda para US$ 1,08 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,68%, em alta. O ouro tinha queda e a prata com alta nas negociações da Comex e commodities agrícolas com viés de queda.
Na agenda do dia, os dados mais importantes são a decisão do Copom sobre juros com expectativa mediana em queda de 0,5% para a Selic, a nova pesquisa ADP nos EUA sobre criação de vagas no setor privado em abril (antecede ao payroll que sai sexta-feira e os estoques de petróleo e derivados americanos na semana anterior pelo departamento de Energia).
Aqui perspectiva de alta para a Bovespa, dólar ainda forte e juros com viés de queda.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado