Ontem a Bovespa emplacou o terceiro pregão seguido de alta e soma apenas duas sessões de queda nos últimos onze pregões. Com isso, ontem o Ibovespa quase esbarrou nos 108 mil pontos que vínhamos falando e fechou em alta de 0,77% com índice em 107.248 pontos. O dólar encerrou em boa queda de 1,77% em R$ 5,33, no menor nível em dois meses.
O fluxo de investidores estrangeiros voltou com força nesse mês de novembro e já soma ingresso líquido de R$ 17,7 bilhões até 13/11, e deve ampliar com as estatísticas de hoje contendo o exercício de opções e block trade de Vale pelo BNDES. Além disso, o fluxo cambial pelo canal financeiro a ser anunciado pelo Bacen deve ter melhorado.
Hoje mercados da Ásia terminaram o dia com comportamento mais para positivo, Europa começou com comportamento misto, mas já retoma alta e futuros do mercado americano no campo positivo, recuperando perdas de ontem. Aqui, há espaço para o objetivo traçado por nós anteriormente em 110 mil pontos.
Investidores no mundo divididos entre o aumento da contaminação pela covid-19 e a iminência de aplicação de vacinas. Ontem, a China anunciou que o Coronavac (objeto de polêmica com Bolsonaro) demonstrou eficácia de 97% no combate do vírus. Enquanto isso, crescem as internações hospitalares nos EUA e Europa e também no Brasil.
Mas também temos boas notícias circulando. No Japão, o BOJ (BC japonês) anunciou que mantém a compra de fundos negociados em Bolsa (ETFs) no montante de 12 trilhões de ienes. A Alemanha vem estimulando os membros da União Europeia a acabarem com as divergências (Polônia e Hungria contra) para aprovar pacote de 1,8 trilhão de euros para a região. Lá, na sexta-feira, será mostrado os avanços das negociações com o Reino Unido sobre o Brexit. Nos EUA, os democratas pedem a retomada das negociações sobre pacote fiscal.
Na zona do euro, foi anunciada deflação anual de 0,3% pelo CPI de outubro (consumidor), como previsto, enquanto esse mesmo indicador no Reino Unido mostrou inflação de 0,7%, contra projeção de 0,5%. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 1,11%, com o barril cotado a US$ 41,89. O euro era transacionado em alta para US$ 1,188 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,86%. O ouro tinha leve queda e a prata em alta na Comex e commodities agrícolas com comportamento de alta na Bolsa de Chicago.
Aqui, lideranças intensificam negociações políticas sobre a PEC Emergencial que trata da contenção de gastos, com expectativa que possa ser ainda votada em 2020. Seria muito bom. Mas os economistas alertam para a possibilidade de dominância fiscal, com a dívida pública alta e crescente, Selic no piso histórico e a possibilidade de migração para o populismo eleitoral visando 2020. A FGV também anunciou a segunda prévia do IGP-M de novembro em alta para 3,05%, vindo de 2,92%, e com isso, a inflação por esse indicador em 2020 já está em 21,70% e em 12 meses com 24,25%.
Na sequência da agenda teremos o fluxo cambial da semana anterior (avaliar movimentação pelo canal financeiro), e nos EUA, a construção de novas residências e permissões de outubro, os estoques de petróleo, derivados e discurso de quatro dirigentes do FED e do BOE.
Expectativa para o dia é de nova alta na Bovespa, dólar ainda fraco e juros podendo ainda ficar em queda.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado