O dia já começou ruim para os mercados de risco no mundo, com Ásia e Europa operando desde cedo em queda, assim como os futuros do mercado americano. Aqui, também iniciamos com pressão vendedora em ações líderes e o dólar já conta alta de mais de 1%.

Ao longo do dia, as notícias foram piorando nos EUA que já estimam um volume de mortalidade pelo coronavírus entre 100 mil e 200 mil pessoas. Em seguida com a OMS (Organização Mundial da Saúde) se dizendo preocupada com a escalada do covid-19 no mundo, e especialmente em países emergentes com saúde pública precária. Também tivemos declaração de dirigentes do FED falando sobre o forte aumento da taxa de desemprego aumentando dramaticamente no segundo trimestre (Rosengren) e Trump no twitter dizendo que o Irã planeja atacar as tropas americanas no Iraque e se isso ocorrer pagarão caro.

De positivo só mesmo as declarações de Mnuchin (secretário do Tesouro americano) falando em ser uma boa hora para investir em infraestrutura, que está trabalhando junto com o FED para garantir liquidez e que quer a aprovação do Congresso para ampliar a compra de petróleo. Isso ajudou na melhora do preço internacional do óleo, mesmo considerando a forte elevação dos estoques americanos de óleo e derivados na semana anterior.

Ainda nos EUA, tivemos a divulgação da pesquisa ADP sobre criação de vagas no setor privado, encolhendo 27 mil posições e o índice PMI da atividade industrial de março caindo para 48,5 pontos e o ISM industrial com queda para 49,1 pontos; ambos melhores do que estava sendo estimado. Mas em compensação, Bullard do FED St. Louis disse que o segundo trimestre será sem precedentes na história americana, mas temperou dizendo que o quarto trimestre pode ser de forte boom econômico.

A maior gestora de recursos do mundo (Blackrock) divulgou que na sua visão o mundo deve ter contração de 11% no primeiro semestre, mesmo considerando injeção global de recursos estimada em US$ 5 trilhões.

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava invertia para alta de 0,24%, com o barril cotado a US$ 20,53, mas o brent ficou com grande queda. O euro era transacionado em queda para US$ 1,093 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,63%. O ouro em alta e a prata com queda na Comex e commodities agrícolas com quedas na Bolsa de Chicago. O minério de ferro teve queda de 1% na China e a tonelada fechou em US$ 82,49.

No segmento doméstico, o IBGE anunciou que a produção industrial de fevereiro cresceu 0,5%, mas contra igual período de 2019 mostra queda de 0,4% queda também no ano de 2020 de 0,6% e em 12 meses com -1,2%. Mas além de tudo isso, é como dirigir olhando no retrovisor, o que não altera o quadro previsto para o ano.

Bolsonaro e Paulo Guedes deram coletiva para anunciar medidas, com Guedes dizendo ter separado R$ 98 bilhões para auxílio aos informais, estimado em 54 milhões de pessoas, com voucher de R$ 600,00. O programa Mais Brasil também colocará R$ 16 bilhões para Estados e Municípios que já tinham recebido R$ 12 bilhões da cessão onerosa. Também estão abrindo crédito com o Tesouro e isso é “déficit primário na veia”. Rodrigo Maia segue reclamando muito da morosidade do governo e de Paulo Guedes e encaminhou junto com mais sete deputados uma PEC de orçamento de guerra para tentar acelerar os trâmites.

O saldo da balança comercial de março foi de US$ 4,7 bilhões, elevando o superávit do trimestre para US$ 6,1 bilhões, queda de 33,1% no primeiro trimestre de 2019. Já o fluxo cambial até 27/3 estava negativo em 6 bilhões, mas no ano, está negativo em US$ 10, 8 bilhões. O Bacen fez rolagem de operação de swap cambial tradicional e ainda vendeu US$ 645 milhões à vista.

A Petrobras anunciou novo corte de produção e dizendo que as consequências da crise serão drásticas com forte queda do consumo de combustíveis, algo como a metade do padrão anterior.

No mercado, os DIs terminaram dia com alta de juros e o dólar encerrou com +1,27% e cotado a R$ 5,263. Na Bovespa, na sessão de 27/3 os investidores estrangeiros sacaram R$ 1,42 bilhão, deixando o saldo de março negativo em R$ 22,6 bilhões e o ano com saídas líquidas de R$ 62,8 bilhões.

No mercado acionário, a Bolsa de Londres observou queda de 3,83%, Paris com -4,30% e Frankfurt com -3,94%. Madri e Milão com quedas de respectivamente 3,04% e 2.97%. No mercado americano, o Dow Jones com -4,44% e Nasdaq com -4,41% e na Bovespa dia de queda de 2,81% e índice em 70.966 pontos. Novamente acompanhamos o mercado americano na direção de queda com Petrobras em alta de 2,22%.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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