Mais um dia conturbado, porém, com mercados de risco com tendência mais positiva, mas ainda com intensa volatilidade. Nos EUA, um processo especulativo com ações da GameStop e AMC acabaram com as ações suspensas e investigações da SEC (a CVM americana), por conta de combinação pelas redes sociais. Aqui, segundo consta, uma combinação também pelas redes sociais para alterar as cotações do IRB (IRBR3). Tudo isso tem que ser investigado e punir e cancelar operações, já que é formação de preço fictício.

Mas o dia começou novamente com quedas nos principais mercados (incluindo a Bovespa), e dólar por aqui novamente pressionado em alta, ultrapassando a cotação de R$ 5,45. Mas ainda durante a manhã, as Bolsas europeias começaram reação, que foi consolidada pela melhora do mercado americano, notadamente a partir da divulgação de indicadores de conjuntura. Lá, os pedidos de auxílio-desemprego encolheram 67 mil posições para 847 mil, quanto o esperado era 875 mil pedidos. Já o PIB do quarto trimestre, na primeira leitura atingiu 4% anualizado, mas em 2020 mostrou contração de 3,5%.

Ainda nos EUA, a inflação pelo PCE (deflator de consumo) do quarto trimestre foi de 1,5%, com núcleo em +1,4%. Sobre o impeachment de Trump, não há data para terminar a votação, mas no que tange ao pacote de estímulo fiscal, o senado deve votar na próxima semana. Aliás, durante o dia, a Casa Branca desmentiu que o governo iria “dividir” o pacote em dois para facilitar a aprovação. As vendas de imóveis novos é que cresceram 1,6% em dezembro, bem abaixo do previsto de +4%.

No mundo, a percepção é que o processo vacinal contra a covid-19 está lento, faltam vacinas, muitos ruídos e a Índia indicando que vai fornecer muita vacina ao mundo. Esse foi o tema também da exposição de muitos dirigentes na reunião virtual de Davos, que termina no próximo sábado. Covid-19 afetando as economias e gerando incerteza foi o tema recorrente dos expositores de diferentes países. A China, inclusive, deve evitar divulgar meta para o PIB de 2021, para não encorajar o endividamento e o enxugamento de recursos feitos (US$12 bilhões), foi temporário e deve retornar antes do feriado prolongado de 12/2.

Enquanto isso, já são muitos os países impondo restrições de viagens e passagens por fronteiras e, em muitos casos, o Brasil é o alvo, pela variante encontrada do vírus. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 0,96%, com o barril cotado a US$ 52,34. O euro era transacionado em alta para US$ 1,213 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,02%. O ouro em queda e a prata em alta na Comex e commodities agrícolas majoritariamente com quedas na Bolsa de Chicago. O minério de ferro é que teve forte queda em Qingdao, na China, de 6,23%, com a tonelada em US$ 156,20.

Aqui, o IBGE mostrou dados melhores para a PNAD contínua do trimestre encerrado em novembro, com a taxa de desemprego em 14,1% (em igual trimestre de 2019 eram 11,2%), população desocupada de 14 milhões e faltando trabalho para 32,2 milhões de pessoas. Os desalentados eram 5,7 milhões e a população ocupada de 85,6 milhões. Com carteira assinada, 30 milhões. Os números olhados em detalhes apesar de positivos indicam que o desemprego deve piorar nos próximos meses com a população ocupada desacelerando.

Saíram também os dados do Caged, com criação de 142,7 mil vagas criadas (dezembro -67,9 mil) e foi comemorado por Paulo Guedes. Mas metade do saldo é por trabalho intermitente, o que deduz incerteza. O Bacen divulgou que a concessão do crédito livre aumentou 1,7% em 2020, a inadimplência caiu para 2,9% e o endividamento das famílias atingiu recorde de 50,3% com comprometimento da renda de 21,7%, com o setor imobiliário incluso. O volume de crédito atingiu R$ 4,01 trilhões, representando 54,2% do PIB. O IGP-M de janeiro acelerou forte para 2,58% (anterior em 0,96%) e, em 12 meses, em 25,71%. Matérias-primas brutas com inflação de 5,86% podem pressionar. 

Já o déficit do governo central em 2020 chegou a R$ 743,1 bilhões, o do INSS em R$ 259,1 bilhões e a Previdência (INSS + servidores) em R$ 368,2 bilhões. A receita real do governo central caiu 13,1% e as despesas cresceram 31,1%. As despesas com a pandemia foram de R$ 539,4 bilhões. De qualquer forma, o déficit foi menor que a última previsão feita em R$ 88,7 bilhões. O cumprimento do teto é perfeitamente factível, segundo Bruno Funchal. 

O FMI também falou muito sobre a necessidade de reformas no país e preservação do teto de gastos, a âncora fiscal. Nessa mesma linha falaram a Moody’s e S&P, alertando que o lado fiscal pode contaminar o rating do país. No mercado, dia de dólar em alta no encerramento de 0,53% e cotado a R$ 5,44. Na Bovespa, na sessão de 26/1, uma das raras saídas líquidas de recurso de janeiro no montante de R$ 244,4 milhões, deixando o saldo positivo do mês com entradas líquidas de R$ 23,64 bilhões.

No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 0,63%, Paris com +0,93% e Frankfurt com +0,33%. Madri e Milão com altas de respectivamente 1,02% e 1,17%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,99% e Nasdaq com +0,50%. Na Bovespa, dia de recuperação com +2,59% e índice em 118.883 pontos. Na máxima, atingiu 119.355 pontos.

Na agenda de amanhã novamente muitos indicadores. Sairá a nota de política fiscal de dezembro, o PIB do quarto trimestre e desemprego de janeiro na Alemanha, além do deflator PCE de dezembro e a confiança do consumidor de Michigan de janeiro.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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