Na semana passada, a Bovespa fechou na contramão dos principais mercados acionários do mundo, mostrando contração de 1,38%, com o índice em zona perigosa de 101.353 pontos, enquanto o Dow Jones observou alta de 1,81%. Dólar por aqui operando com leve valorização de 0,12%, aos R$ 5,427, mas durante o período voltou a transitar na faixa de R$ 5,50% com interferência do Bacen. Juros de longo prazo pressionado durante toda a semana, apesar da ata suave do Bacen sobre a reunião que reduziu a Selic para 2%.
Como característica básica dos mercados podemos citar a perda de tração em quase todos os finais de sessão, tanto no Brasil como no exterior. A nova semana está começando com mercados asiáticos em alta, exceto a Bolsa de Tóquio com -0,83%, Europa com comportamento de alta, mas já saindo das máximas do dia e futuros do mercado americano com comportamento levemente positivo. Aqui, seguimos por cerca de um mês ao redor do intervalo entre 101 mil pontos e 104 mil pontos do Ibovespa, sem conseguir definir movimento mais consistente e com postura mais vendedora de investidores estrangeiros.
Investidores tendo que avaliar a ampliação do isolamento social pelo ressurgimento do contágio pela covid-19 e vacinas sendo testadas pelo mundo, mas também com lockdown em regiões e fechamento prolongado de fronteiras, como entre os EUA e Canadá até 21/9, pelo menos. Também temos que considerar os problemas diplomáticos entre os EIUA e a China e também com a Síria, Emirados Árabes com o Irã depois do reconhecimento de Israel e pressões generalizadas sobre empresas chinesas.
No Japão, o PIB anualizado do segundo trimestre mostrou contração de 27,8% e a ida do primeiro-ministro Shinzō Abe ao hospital causou preocupação. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava leve queda de 0,07%, com o barril cotado a US$ 41,98. O euro era transacionado em alta para US$ 1,185 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,69%. O ouro e prata mostrava altas na Comex e commodities agrícolas com viés positivo na Bolsa de Chicago.
Aqui, foco no ambiente político carregado e relações entre o presidente Bolsonaro e Paulo Guedes, objeto de muitas especulações ao longo do final de semana. Também vai permear a postura dos investidores as discussões sobre teto de gastos e postura dos ministros “fura-teto”, reforma tributária e contas públicas complicadas com encurtamento de prazo.
Na agenda do dia teremos a nova pesquisa semanal Focus do Bacen, o saldo da balança comercial da semana anterior e o IPC-S da segunda quadrissemana de agosto. Nos EUA, o índice de atividade de NY (Empire States) e discurso do presidente do FED de Atlanta, Bostic.
Expectativa para o dia é de Bovespa fraca (avaliando política), dólar pode ficar fraco seguindo na direção do exterior e juros ainda pressionados no longo prazo.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado