A semana está começando com o “pé direito” nos principais mercados do mundo por conta do presidente Donald Trump e também de indicadores de atividade mais positivos na Europa.
Na semana passada, a Bovespa fechou com perda de 3,07%, quase perdendo o patamar de 94 mil pontos do Ibovespa (em 94.015 pontos) e dólar mais uma vez em alta de 2,01%, cotado a R$ 5,67 (na semana passada tinha subido 3,34%). Nos EUA, o Dow Jones terminou a semana com valorização de 1,87% e o Nasdaq com +1,48%, e dólar mais fraco em relação a outras moedas concorrentes.
Hoje mercados da Ásia começando novo período em alta com algumas Bolsas voltando de feriado prolongado (Xangai ainda não retornou), Europa com boas altas nesse início de manhã e futuros do mercado americano operando no campo positivo. Aqui podemos atribuir maior distensão política como fator motivador, depois de final de semana muito ruim com muita “lavagem de roupa suja”. O patamar de 94 mil pontos pode ser mantido, pelo menos no curto prazo. Porém, o fator fiscal ainda pesa muito para os investidores locais.
Os motivos da alta de hoje nos mercados residem na possibilidade de Donald Trump ter alta do hospital e concluir tratamento na Casa Branca (onde já deu uma “fugida” do hospital para acenar para apoiadores), e também a indicadores positivos da atividade divulgados principalmente na Europa. No Japão, o PMI da atividade de serviços de setembro subiu para 46,8 pontos, de anterior em 45 pontos, indicando ainda contração da atividade, já que ficou abaixo dos 50 pontos.
Na Alemanha, o PMI composto (indústria e serviços) de setembro subiu para 54,7 pontos, vindo de 54,4 pontos, na maior aceleração desde 2017. Na zona do euro, foi observada contração para 50,4 pontos, mas o previsto era ainda menor em 50,1 pontos. No Reino Unido, o índice composto também encolheu para 56,5 pontos, vindo de 59,1 pontos no mês anterior.
Ainda na zona do euro, as vendas no varejo de agosto registraram alta de 4,4% no comparativo mensal (previsão era +2,5%) e +3,7% em base anual. Já a presidente da Comissão Europeia, Von Der Leyen, entrou em quarentena por contado com pessoas contaminadas e isso pode retardar qualquer acordo com o Reino Unido sobre o Brexit. Na Argentina, o presidente declarou ser importante um acordo com o FMI para dar maior visibilidade para a economia.
No mercado internacional, o dia está sendo de boa recuperação do petróleo WTI negociado em NY, depois de queda de quase 8% na semana passada. O óleo tinha alta de 3,94%, com o barril cotado a US$ 38,51. O euro era transacionado em alta para US$ 1,175 e notes americanos de 10 anos com juros em alta para 0,71%. O ouro tinha queda e a prata alta na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago.
Aqui, políticos articulam encontro de Rodrigo Maia e o ministro Paulo Guedes em possível almoço hoje de reaproximação, mas as divergências de Paulo Guedes com o ministro Rogério Marinho devem precisar da interferência de Bolsonaro, com Marinho sugerindo furar o teto de gastos e Paulo Gudes dizendo ser uma irresponsabilidade.
Petrobras, Vale e JBS ficaram de fora do primeiro fundo ESG que começa a ser negociado hoje na Bovespa com código ESGB11, por conta de corrupção e do acidente de Brumadinho. A agenda do dia é fraca, mas a semana parece seguir tensa para os investidores, principalmente pelos problemas fiscais do Brasil. Porém, não tem grande capacidade de influir no comportamento dos mercados, que ficarão à mercê do noticiário de Trump e reviravoltas políticas por aqui. Com isso, a Bovespa pode ter dia de recuperação, dólar mais fraco e juros com comportamento mais fraco.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado