O surto de infecção pelo coronavírus continua em expansão, mas hoje foi dia de reação dos mercados de risco. Havia grande expectativa dos investidores sobre a abertura do mercado de Xangai, mas veio dentro do esperado, o que produziu certa tranquilidade. A queda da Bolsa de Xangai em até 10% já estava no radar dos participantes, e lá o encerramento foi em queda de 7,72%. O mesmo para as cotações do minério de ferro em Qingdao com perda de 5,37%.
A preocupação continua com os preços da commodity petróleo e derivados. A OPEP divulgou que os membros podem considerar corte extra de 500 mil barris/dia por conta do coronavírus reduzindo a demanda. Nos EUA, a maior refinaria já cortou a produção em 12% pelo mesmo motivo. O balanço do vírus indica morte de 362 pessoas e algo como 18.000 infectados. Mas cientistas chineses dizem estar próximos de testar remédios para combater.
No cenário externo, o PMI industrial dos EUA subiu para 51,9 pontos e o ISM da atividade industrial de Chicago subiu para 50,9 pontos, quando o esperado era 48,5 pontos. Os investimentos em construção é que encolheram 0,2% em dezembro, de esperado +0,5%. Na Rússia, o PIB do quarto trimestre evoluiu 1,8% na comparação anual.
A União Europeia quer fechar acordo comercial do bloco com o Reino Unido altamente ambicioso, depois da separação. Na sequência dos mercados no exterior, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 1,98, com o barril cotado US$ 50,54%. Isso junto com a proximidade da oferta de ações do BNDES não ajuda em nada na melhor precificação no curto prazo da Petrobras. O euro era transacionado em US$ 1,106 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,52%, em alta. O ouro e a prata operavam em quedas na Comex e commodities agrícolas com viés de queda na Bolsa de Chicago.
No segmento doméstico, a pesquisa Focus mostrou inflação em queda para 3,40% em 2020 (anterior em 3,47%), Selic estabilizada em 4,25% e PIB em queda para 2,30%. O dólar previsto para o final do ano está em R$ 4,10 e a produção industrial em alta para 2,21% (anterior em +2,10%). O saldo para a balança comercial de 2020 foi estimado em superávit de US$ 37,31 e o déficit nominal de 2020 em queda para 5,50% do PIB. O IPC-S de janeiro ficou em queda para 0,59%, de anterior em 0,77%.
O saldo da balança comercial de janeiro foi déficit de 1,74 bilhão. O primeiro déficit mensal desde fevereiro de 2015 foi afetado pela importação de duas plataformas de petróleo e queda da exportação de soja em 33,2%. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) anunciou que o faturamento real da indústria encolheu 1% em dezembro e em 2019 com queda de 0,8%.
No plano político, tivemos a abertura do ano legislativo, com o presidente Bolsonaro designando Onyx Lorenzoni para representá-lo. A secretária da mesa leu mensagem do presidente Bolsonaro que pediu aprovação da reforma tributária, privatização da Eletrobrás, independência do Bacen e marco do saneamento. Já o presidente do Senado Alcolumbre, declarou que uma das 10 prioridades para o ano é aprovar o modelo de escolha de membros do STF. A comissão mista da reforma tributária deve ser instalada ainda nesta semana.
No mercado, dia de DIs com comportamento de queda para os juros e dólar também em queda de 0,84% e cotado no encerramento em R$ 4,25. Na Bovespa, na sessão de 30/1, os investidores estrangeiros voltaram a sacar recursos no montante de R$ 878,8 milhões, acumulando saídas líquidas em janeiro de R$ 17,03 bilhões.
No mercado acionário, dia de alta da Bolsa de Londres de 0,55%, Paris com +0,45% e Frankfurt com +0,49%. Madri e Milão com altas de respectivamente 0,40% e 0,96%.
No mercado americano, dia de Dow Jones com alta de 0,50% e Nasdaq com +1,34%. Na Bovespa, valorização de 0,77% e índice em 114.641 pontos.
Na agenda de amanhã, teremos o IPC da Fipe de janeiro, a produção industrial de dezembro pelo IBGE e nos EUA as encomendas à indústria de dezembro e no Iowa começa escolha dos candidatos à presidência. Durante a noite sai o indicador da atividade de serviços e composto na China.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado