Ontem foi dia de indecisão dos investidores espalhados pelo mundo, agregando maior volatilidade não só para as Bolsas, como também para o mercado de câmbio e juros. No meio da tarde, o FED anunciou compra de títulos corporativos para aliviar as empresas e de forma diversificada, e isso começou a mudar os mercados para positivo.
Hoje, mercados começando o dia com fortes altas em todo o mundo. Na Ásia, todos os mercados em alta, com destaque para a Bolsa de Tóquio com +4,86% e Seul com +5,28%. Na Europa, mercados mostram valorizações próximas de 3% e nos EUA os índices futuros com altas maiores que 1%. Aqui podemos tentar passar a faixa entre 94 mil e 95 mil pontos do Ibovespa, o que traria certo alívio.
O motivo da alta de hoje são os investidores ainda reverberando a decisão anunciada do FED ontem, junto com declarações positivas de membros do FOMC do FED, o comitê de política monetária. Também tivemos indicadores positivos divulgados na Alemanha que indicam que a recuperação pode se acelerar. O índice Zew de expectativas econômicas registrou alta em junho para 63,4 pontos, quando a previsão era de ficar em 60 pontos. Lá, a inflação medida pelo CPI (consumidor) de maio desacelerou para 0,6% anualizada, vindo de 0,9%.
Também no Japão tivemos o BOJ (BC japonês) mantendo a política monetária estabilizada, o que significa juros de curto prazo negativos em 0,10% e os títulos de 10 anos com taxa ao redor de zero. Kuroda, presidente do BOJ, garantiu que os juros permanecem por aí pelo menos pelos próximos dois anos.
A AIE- agência internacional de energia, estimou corte na oferta de petróleo de 8,1 milhões de barris de petróleo dia (BPD), e passou a estimar demanda maior. Com isso, os preços do óleo têm alta na sessão de hoje. Nos EUA, o assessor da Casa Branca Kudlow deu declarações de que nesse momento a pandemia não preocupa, apesar dos aumentos de casos em regiões. E Trump estuda aprovar investimentos em infraestrutura de até US$ 1 trilhão.
A UNCTAD é que estima que os investimentos externos diretos (IED) encolham 40% em 2020, com a América latina encolhendo para metade e a Europa com menos 45%. Nos EUA podem cair em até 35%. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 1,51%, com o barril cotado a US$ 37,68. O euro operava próximo da estabilidade em US$ 1,13 e notes americanos com juros em 0,72%. O ouro e a prata operavam em alta na Comex e commodities agrícolas também em alta na Bolsa de Chicago.
Aqui, nada definido sobre a permanência ou não de Weintraub no ministério da Educação, depois de encontro com Bolsonaro, mas em compensação, o STF já formou maioria para manter o ministro no inquérito sobre fake news. Na economia, o IGP-10 de junho mostrou alta de 1,55%, deixando a inflação do ano em 4,55% e em 12 meses com 7,18%. Já o IPC-S da segunda quadrissemana de junho mostrou deflação de -0,13%, vindo de -0,36%.
O dia começa com o ETF do Brasil (EWZ) em alta de 1,83% e o ADR de Petrobras com +2,15% no pré-mercado americano. Mas a agenda do dia é cheia de indicadores com vendas no varejo de abril pelo IBGE, vendas no varejo e produção industrial de maio nos EUA e discurso do presidente do FED Jerome Powell no Senado e Clarida.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado