O dia foi novamente positivo para boa parte dos mercados acionários no mundo, mesmo não desfazendo as preocupações com relação à possibilidade de uma segunda onda de contágio em países ou regiões. Temos dito que os investidores já descontaram boa parte do segundo trimestre ruim para as economias, e agora começam a ampliar a propensão ao risco. O grande diferencial está exatamente na elevada liquidez do sistema financeiro e em juros muito baixos em todo o mundo ou negativos.

Hoje foi mais um dia de arguição do presidente do FED Jerome Powell pelos deputados americanos, e o mais engraçado foi que sem mudar sua análise da situação, seu discurso foi suavizando desde a coletiva de imprensa na semana passada para falar da reunião do FOMC, passando pela arguição de senadores e logo em seguida hoje.

Hoje na Câmara, Powell disse que a recuperação da crise está ainda no começo e bem encaminhada e que escolheram não fazer uso de juros negativos. Acrescentou que na sua visão está completando a primeira fase de apoio à economia. Já o assessor de Trump, Lighthizer tranquilizou dizendo que os chineses reafirmaram o cumprimento do acordo comercial em sua primeira fase, mas também falou em tarifar países que estão discriminando empresas americanas. Ainda nos EUA, foi anunciado que os estoques de petróleo cresceram pouco acima do previsto em 1,2 milhão de barris, mas os estoques de gasolina declinaram 1,7 milhão de barris.

A Alemanha alertou aos membros da União Europeia sobre a possibilidade do Brexit ocorrer sem acordo. E o BOE (BC inglês) pode ter que ampliar a flexibilização monetária, depois da inflação muito baixa do mês de maio em desaceleração para 0,5% anualizada. Já a China deve voltar a cortar a taxa de depósito compulsório para garantir liquidez ao seu sistema financeiro.

A OPEP manteve a projeção de queda da demanda global por petróleo em 9,03 milhões de BPD em 2020 e reduziu a previsão de oferta de países fora do grupo para 3,2 milhões. Também indicou que os investimentos fora do grupo devem encolher 30% para algo como US$ 321 bilhões. A oferta de óleo pelo Brasil foi mantida em 3,7 milhões de barris BPD.

Em função disso, no mercado internacional o petróleo WTI recuperou um pouco da queda do início da manhã em NY, mas ainda mantinha queda de 0,83%, com o barril cotado a US$ 38,06. O euro era transacionado em queda para US$ 1,124. O ouro em leve queda e a prata em alta na Comex e commodities agrícolas com viés mais para positivo na Bolsa de Chicago. O minério de ferro é que registrou queda na China de 0,72%, com a tonelada em US$ 104,09.

No segmento doméstico destacamos que a sessão do Congresso para analisar vetos do presidente acabou suspensa, mas o STF já formou maioria para manter o demissível ministro da Educação no inquérito das fake news. A ministra da Agricultura Tereza Cristina disse que o plano safra terá acréscimo de 5,8% nos recursos e juros menores em 2%, atingindo R$ 236,6 bilhões. O volume de serviços prestados de abril encolheu 11,7%e contra igual período 17,2% o volume caiu em 26 dos 27 Estados, e estamos 27% abaixo do pico de novembro de 2014.

O ministro Paulo Guedes defendeu a abertura da economia para que possamos crescer mais e que se os efeitos da recessão não forem combatidos pode vir a se transformar em uma depressão. O secretário do Tesouro de saída, Mansueto de Almeida disse que Bruno Funchal em seu lugar é a continuidade da política e que mudanças nisso só com a troca do ministro. O Bacen anunciou o fluxo cambial na semana anterior negativo em US$ 561 milhões (até 12/6), deixando o ano também com saídas de US$ 10,2 bilhões. Até 12/6, os gastos com swap eram de R$ 23,1 bilhões e a posição cambial líquida estava em US$ 297 bilhões.

No mercado, dia de dólar novamente ajustando volatilidade para fechar em alta de 0,38% e cotado a R$ 5,25. Na Bovespa, na sessão de 15/6, os investidores estrangeiros sacaram recursos no montante de R$ 440,7 milhões, deixando o saldo positivo de junho com R$ 2,37 bilhões e o ano ainda bastante negativo em R$ 74,5 bilhões.

No mercado acionário, dia de alta da Bolsa de Londres de 0,17%, Paris com +0,88% e Frankfurt com +0,54%. Madri e Milão operaram com quedas de respectivamente 0,22% e 0,28%. No mercado americano, o Dow Jones com queda de 0,65% e Nasdaq com +0,15%. No final do pregão, o mercado americano realizou forte e arrastou também a Bovespa que ainda encerrou em alta de 2,16% e índice em 95.547 pontos.

Na agenda de amanhã teremos a segunda prévia da inflação pelo IGP-M de junho e o IBC-Br, com uma prévia do PIB de abril. O BOE (BC inglês) faz sua reunião e nos EUA o índice de atividade do FED da Filadélfia de junho, os pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior, o índice de indicadores antecedentes do Conference Board e vários discursos de dirigentes do FED

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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