As minutas da última reunião do FOMC (finalizada no dia 29/04) tem poucas novidades se comparado aos comentários recentes de membros do comitê.
O cenário econômico é descrito de forma bastante desafiadora. A queda no PIB do segundo trimestre será sem precedentes. O comitê mostra especial preocupação com o efeito da pandemia sobre o mercado de trabalho e, em termos de inflação, destaca que apesar de algumas pressões de preço pontuais por conta de rupturas na oferta, o choque é visto como majoritariamente desinflacionário.
Em termos de cenário prospectivo, destaca-se a ampla incerteza. Há possibilidade tanto de uma retração prolongada da demanda por conta de alteração da estrutura econômica e do comportamento dos agentes em consequência a pandemia (cintando-se a possibilidade de algumas indústrias não voltarem a ativa) como também a possibilidade de uma retomada mais acelerada por conta da redução do risco da saúde pública. No entanto, o texto indica claramente que a maioria do comitê vê a primeira possibilidade, com todos os seus desdobramentos, como preponderante.
As minutas se destacam pela discussão em torno do forward guidance. Aqui, o comitê levanta tanto a possibilidade de vincular a postura de política monetária a um outcome econômico específico, como também a possibilidade de garantir um determinado período de manutenção da taxa de juros no patamar atual. Novamente, a discussão parece dar preferência para a primeira opção em detrimento da segunda.
Em suma, temos um comitê que está satisfeito com os efeitos das medidas implementadas até o momento, mas que vê o cenário com um grau razoavelmente grande de cautela e incerteza, colocando-se pronto para atuar novamente caso necessário. Ao mesmo tempo, o comitê garante que o estado de política monetária permanecerá amplamente acomodativo no curto e médio prazo.
Felipe SichelEstrategista do banco digital modalmais
Fonte: https://www.modalmais.com.br/blog