EUA: CPI (abril)

My take:
O CPI Core mensal desacelerou na maior velocidade já registrada na série histórica (-0.45%), com bens retraindo -0.7% no mês e serviços -0.36%. A série de CPI Core é computada desde 1961.
O comunicado do BLS ressalta problemas na coleta de dado por alguns estabelecimentos pesquisados estarem fechados durante a pandemia. Destaca assim o fato de alguns índices serem computados com amostras menores.
Nossa modelagem interna aponta causalidade entre desemprego e moradia com uma defasagem de nove meses, o que sugere que o maior impacto do choque do coronavirus deverá ser sentido na inflação de moradia somente no começo do ano que vem (ainda que a excepcionalidade do presente choque possa alterar esta relação).
Ante o impacto ainda não revelado nos dados do aumento do desemprego (e consequentemente do hiato), a expectativa para frente permanece de inflação extremamente baixa.
A preocupação do FED será não somente o funcionamento do mercado de capitais e de crédito, mas também prevenir uma sedimentação de expectativas de inflação extremamente baixas. Para a frente (leia-se, passado o choque inicial do distanciamento social), esperamos mais medidas de política monetária, que podem adotar a forma de um comprometimento com overshoot da meta de inflação (average inflation targeting) bem como controle explícito de algum vértice da curva (yield curve control).
Comentários:
A inflação nos EUA veio abaixo do esperado pelo mercado em abril na leitura subjacente.
CPI (MoM): -0.8% (esperado: -0.8%; anterior: -0.4%)
CPI Core (MoM): -0.4% (esperado: -0.2%; anterior: -0.1%)
CPI (YoY): 0.3% (esperado: 0.4%; anterior: 1.5%)
CPI Core (YoY): 1.4% (esperado: 1.7%; anterior: 2.1%)
A leitura de headline veio na menor evolução em doze meses desde o começo de 2016. A variação mensal mostrou o segundo mês consecutivo de queda, com aceleração do ritmo para -0.8%. Destaca-se que a queda foi absolutamente explicada por desaceleração em energia, que mostrou variação de -10.14% no mês, enquanto alimentos avançaram 1.49% no mesmo período.
Na parte subjacente, o CPI mensal desacelerou na maior velocidade já registrada na série histórica (-0.45%), com bens retraindo -0.7% no mês e serviços -0.36%.
Por dentro de bens, destaca-se a aceleração na queda de vestuário para -4.69% (-2.03% no mês anterior) na variação mensal. Já na parte de serviços, o principal componente da queda foram transportes, que desaceleraram -4.74% no mês.
Serviços de moradia tiveram pequena variação negativa de -0.03% (e desaceleraram no ano para 2.63%, menor patamar desde 2013). Nossa modelagem interna aponta causalidade entre desemprego e moradia com uma defasagem de nove meses, o que sugere que o maior impacto do choque do coronavirus deverá ser sentido na inflação de moradia somente no começo do ano que vem (ainda que a excepcionalidade do presente choque possa alterar esta relação).
Por outro lado, serviços médicos mantiveram o ritmo de aceleração de 0.5% do mês anterior e avançaram para 5.78% no YoY. Destaca-se aqui no entanto o comportamento acíclico deste grupo.
Em suma, os preços parecem refletir o comportamento de hoarding e isolamento social do consumidor americano. Os preços aceleram para alimentação, bebida, tabaco e serviços médicos (apesar da queda em bens de cuidado médico), enquanto retraem ou permanecem muito próximo de zero no restante.
Ante o impacto ainda não revelado nos dados do aumento do desemprego (e consequentemente do hiato), a expectativa para frente permanece de inflação extremamente baixa. A preocupação do FED será não somente o funcionamento do mercado de capitais e de crédito, mas também prevenir uma sedimentação de expectativas de inflação extremamente baixas. Para a frente (leia-se, passado o choque inicial do distanciamento social), esperamos mais medidas de política monetária, que podem adotar a forma de um comprometimento com overshoot da meta de inflação (average inflation targeting) bem como controle explícito de algum vértice da curva (yield curve control).
Felipe Sichel
Estrategista do banco digital modalmais
Fonte: https://www.modalmais.com.br/blog

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