Ontem os mercados da Europa e dos EUA encerraram o dia com ganhos, por conta de dados de conjuntura positivos da China, proximidade de aplicação de vacinas contra coivid-19 ainda nesse ano de 2020 e melhora prevista da economia global no terceiro e quarto trimestres. Aqui, a Bovespa e o câmbio ficaram travados boa parte do dia, depois do presidente Bolsonaro ter abortado o programa Renda Brasil, por conta do noticiário falando em congelamento do salário mínimo e aposentadorias.

A Bovespa fechou então praticamente estável, com alta de 0,02% e índice em 100297 pontos. O dólar em alta de 0,11%, cotado a R$ 5,28, enquanto o Dow Jones também estável (+0,01%) e Nasdaq em boa alta de 1,21%, com a recuperação das ações de tecnologia.

Hoje, mercados da Ásia fecharam em quedas, exceto a bolsa de Tóquio com +0,09%. A Europa opera no campo positivo neste início de manhã e a tendência é a mesma para os futuros do mercado americano. Aqui, seguimos esperando que haja força para ultrapassar a faixa de 102000 pontos do Ibovespa, seguindo depois até 104000, quando o mercado adquire maior consistência na recuperação.

Hoje os investidores vão trabalhar de olho na decisão do FOMC do FED (15:00 horas) sobre política monetária e, principalmente, na coletiva do presidente Jerome Powell, explicando melhor como vão lidar com meta flexível de inflação. Aqui, depois de pregão encerrado, vamos avaliar o comunicado do Copom e buscar maiores informação sobre próximas reuniões de 2020. Para essa, é 100% de consenso de manutenção da Selic em 2,0%.

No Japão, Shinzo Abe renunciou formalmente ao cargo de primeiro ministro por motivo de saúde e Yoshihide Suga foi eleito para a vaga. No Reino Unido, a inflação pelo CPI desacelerou para 0,2% (previsão era estável) e, no mês de agosto, deflação de 0,4%. Na zona do euro, o superávit comercial cresceu para 20,3 bilhões de euros (anterior em 16,0 bilhões de euros), fruto de exportações em alta de 6,5% e importações com +4,2%.

A OCDE-Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico melhorou a previsão de encolhimento do PIB global para -4,5% (anterior em -6,0%) e também para o Brasil, agora em queda estimada de 6,5% (já defasada), vindo de -7,4%.

Função do furacão Sally, ganhando força próximo da Flórida, o petróleo tem valorização no mercado internacional. Já a Casa Branca, espera uma proposta bipartidária para novo pacote de estimulo fiscal. O petróleo WTI negociado em NY tinha boa alta de 2,46%, com o barril cotado a US$ 39,22. O euro era transacionado em US$ 1,188 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,68%. O ouro e a prata mostravam altas na Comex, enquanto as commodities agrícolas apresentaram um comportamento misto na bolsa de Chicago.

No segmento doméstico, depois de Bolsonaro abortar o programa Renda Brasil nessa gestão (seguirá com Bolsa Família), a equipe econômica vai se debruçar sobre a desoneração da folha de pagamentos e novo imposto. Parece certa a ideia de tributar dividendos e CPMF pouco provável. Já o Congresso está chamando para si o pacote social.

Como dissemos, os investidores vão ficar de olho nas decisões do FED e Copom, mas o dia promete começar com alta da Bovespa, câmbio fraco e juros em queda. Mas teremos ainda outros indicadores como o IGP-10 de setembro e vendas no varejo nos EUA sendo anunciadas, o que pode mexer com os mercados em semana de vencimento de derivativos.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

Publicidade

Investir sem um preço-alvo é acreditar apenas na sorte