Investidores no mundo oscilam entre o tomismo com a reabertura das economias e a possibilidade real de termos uma segunda onda de contágio e óbitos pela Covid-19.

Antes disso, na semana passada a Bovespa ficou praticamente estável com perda de 0,3% e índice encerrando em 80.263 pontos, pouco acima do que temos marcado como importante para manter a recuperação. Enquanto isso, o Dow Jones registrou alta de 2,50% e o Nasdaq com valorização de 6%, pela performance das ações de tecnologia.

Como dito, a semana começa com duas visões conflitantes. De um lado, o otimismo com a reabertura e/ou preparação para tal, e de outro com a possibilidade real de uma segunda onda de contágio e mortes. A OMS indica que são 3,85 milhões de infectados no mundo, e a Coreia do Sul adverte sobre a segunda onda. Na China, há relatos de 17 infectados, sendo que cinco em Wuhan, onde tudo começou.

Nesses termos, mercados começaram a semana com volatilidade. Durante a madrugada, mercados em alta e encerram mais para positivo na Ásia (destaque para Tóquio com +1,05%, por reabertura da economia), Europa também iniciando em alta, mas já passando para o campo negativo e futuros do mercado americano nas mesmas condições. Isso acontece também com o petróleo WTI. Aqui, seguimos marcando como importante que o índice se mantenha acima de 80 mil pontos, mas segue bastante complicado.

Na China, novos empréstimos em abril caíram 1,7 trilhões de yuans, mas a base monetária expandiu 11,1%, de previsão de +10,3% e na maior expansão em três anos. O PBOC (BC chinês) indica que deve adotar novas medidas para sustentar a recuperação da economia. O presidente Trump é que voltou a atacar a China pela falta de transparência nas informações sobre a Covid-19, mas lembramos que está em campanha, e essa deve ser uma de suas vertentes de escalada para a reeleição.

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 21,83%, com o barril cotado a US$ 24,04. O euro era transacionado em queda para US$ 1,082 e notes americanos de 10 anos com juros de 0,68%, em alta. O ouro e a prata mostravam quedas na Comex e commodities agrícolas com comportamento de alta na Bolsa de Chicago.

Aqui, lembramos a live feita no último sábado pelo ministro da Economia Paulo Guedes vendendo otimismo sobre o futuro, destacando que a economia mudou com juros em queda e dólar em forte alta, mas com despesas em queda, sua visão de que a economia recupera em forma de “V” (rapidamente), a necessidade de reformas e marcos regulatórios (citou o do saneamento já pronto) e banco central independente; dentre outras visões positivas. Mas o ministro tem que fazer isso mesmo.

Paulo Guedes também disse, e o presidente Bolsonaro confirmou que vai vetar aumentos de servidores públicos até o final de 2021, e que isso leva o Brasil para melhor equilíbrio do déficit em 2021. Citamos ainda que durante a semana deve ser realizada medida de socorro para os setores de energia e também para as empresas aéreas.

A agenda do dia é fraca e sem nenhum evento com capacidade de mudar a direção dos mercados. A expectativa é de Bovespa fraca e pode perder os 80 mil pontos, juros em queda e aguardando a divulgação da ata do Copom com sinalizações e dólar mais forte. A semana incorpora ainda a divulgação de dados de atividade e também o balanço de Petrobras que promete cortes de custo de 15%, para acomodar preço do petróleo ao redor de US$ 40 e gasto gerais com redução de 10%. Durante a noite, teremos a divulgação da inflação pelo PPI (atacado) e CPI (consumo).

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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