O governo continua com discurso transverso, principalmente no que tange à pandemia. Enquanto ministros como Paulo Guedes, Queiroga e outros defendem a vacina maciça da população com sendo a melhor solução fiscal, Bolsonaro ainda não mudou o seu pensamento, falando em abertura, fome, desemprego e, ainda, em tratamento precoce.

Tudo isso explica alguns números que estão sendo divulgados internamente sobre óbitos e contágio, vacina ainda um pouco lenta (acelerando agora) e também na economia. Vamos fechando março com performance pior da Bovespa em relação as Bolsas europeias, que terminaram o trimestre no azul e, principalmente, em relação aos indicadores americanos batendo sucessivos recordes de pontuação. Tivemos efetivamente uma boa largada de ano, mas a situação foi gradativamente deteriorando, até chegarmos à situação política atual séria, com troca de ministros e suspeitas de horizonte ainda mais turvo.

No exterior, investidores seguiram prudentes e aguardando o anúncio de Biden sobre o pacote de infraestrutura, enquanto a China anuncia que vai investir pesado em tecnologia. Nos EUA, a pesquisa ADP de criação de vagas no setor privado em março mostrou expansão de 517.000 posições, perto da previsão de +525.000. Lá o ISM de Chicago também subiu para 66,3 pontos em março, no maior nível desde julho de 2018. As vendas pendentes de imóveis é que mostraram encolhimento de 10,6 em fevereiro, quando a previsão era de -3,1%.

O FMI declarou que os governantes têm obrigação de construir um novo mundo mais ecológico e inclusivo. Aliás, esses são dois temas que vão seguir juntos nos próximos anos, e aqui estamos muito atrasados nisso. A OMC estima que o comércio deve crescer 8% em 2021 e 4% em 2022, enquanto a França e a Itália devem estender lockdown para conter variantes do covid-19. Aqui, tivemos a descoberta de uma nova variante do vírus em Sorocaba SP.

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 2,08%, com o barril cotado a US$ 59,29, mesmo com queda nos estoques de óleo e gasolina na semana passada nos EUA. O euro mantinha alta em relação ao dólar para 1,173 e notes americanos de 10 anos bem mais comportados, com juros em 1,71%. O ouro e a prata com altas na Comex e commodities agrícolas majoritariamente com altas na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado em Qingdao na China observou queda durante a madrugada de 0,86%, com a tonelada em US$ 165,15.

No segmento doméstico, o IBGE mostrou dados da PNAD contínua no trimestre encerrado em janeiro com a taxa de desemprego atingindo 14,2%. A população inativa estava em 76,4 milhões, desocupados eram 14,3 milhões e ocupados em 86,0 milhões. Desalentados em janeiro eram 5,9 milhões, novo recorde. Faltava trabalho para 32,4 milhões. E emprego com carteira assinada somente 29,8 milhões. Os dados da PNAD e do Caged estão desalinhados, já que o Caged está incompatível com a performance da economia e o PNAD mostra que não saímos do fundo do poço, com baixo nível de emprego.

Hoje também tivemos os dados de fluxo cambial até 26/03, mostrando que os estrangeiros estão fazendo alocações táticas em outros países e largando o Brasil por vacinação compromisso fiscal e lado político. Até essa data o fluxo estava negativo em US$ 1,48 bilhão, com saídas pelo canal financeiro de US$ 5,1 bilhões. No ano ainda está positivo em US$ 5,67 bilhões. A posição cambial líquida estava em US$ 271,6 bilhões, seguindo ritmo de queda. As complicações com as pedaladas no orçamento também afastam.

Hoje o relator do orçamento disse aceitar cancelar emendas no montante de R$ 10 bilhões, mas são insuficientes para cobrir despesas discricionárias que podem montar em R$ 32,7 bilhões. Já o déficit primário do setor público em fevereiro foi de R$ 11,8 bilhões, no ano em R$ 46,6 bilhões e em 12 meses com R$ 691,7 bilhões. A dívida bruta atingiu 90% do PIB, bem maior que a média dos emergentes em 62%. O déficit nominal de fevereiro foi de R$ 41,0 bilhões e em 12 meses atinge R$ 1,008 trilhão, algo como 13,45% do PIB.

Mercados aqui sentiram todos esses dados e complicações políticas e operaram com grande volatilidade. O dólar no final do dia mostrava queda de 2,31%% e cotado a R$ 5,63. Na Bovespa, na sessão de 29/03 os investidores estrangeiros alocaram recursos no montante de R$ 233,2 milhões, deixando as saídas de março em R$ 4,7 bilhões, mas com ingressos no ano de R$ 12,03 bilhões.

No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 0,86%, Paris com -0,34% e Frankfurt estável. Madri perdei 0,18% e Milão com alta de 0,05%. No mercado americano, o Dow Jones com -0,25% e Nasdaq com +1,54%. Na Bovespa, dia de queda de 0,18% e índice em 116.633 pontos. A Bovespa encerrou o mês de março com alta de 6,0%, mas no ano perde 2,0%.

Na agenda de amanhã, teremos a produção industrial de fevereiro o saldo da balança comercial de março e leilão de títulos. Nos EUA, os pedidos de auxílio desemprego da semana anterior, investimentos em construção de fevereiro e o PMI industrial de março. Teremos ainda discursos de dirigentes do FED.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: https://www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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