Na semana passada, a Bovespa encerrou com queda acumulada de 0,49% e índice em 102.381 pontos, depois de ter ultrapassado o patamar de 105.000 pontos.  Mas o mês de julho se mostra positivo em 7,7% e no ano ainda perde 11,5%. O dólar fechou a semana em queda de 3,2% com a moeda americana cotada a R$ 5,21.

A nova semana promete ser bem agitada, com muitos dados na agenda com capacidade de interferir no comportamento dos mercados de risco pelo mundo. O principal vetor deixou de ser a expansão do covid-19 (não que não seja muito importante), mas as relações diplomáticas entre os EUA e a China, com fechamento de consulados em ambos os países e pressões sobre tecnologia 5G. No momento, isso tem feito mais preço dos ativos no mundo,

O Brasil sempre alinhado com os EUA (cada vez mais) precisa tomar cuidado, já que um terço de nossas exportações no primeiro semestre se dirigiram para a China, enquanto as exportações para os EUA e União Europeia encolheram, principalmente nesses meses de pandemia.

Hoje mercados da Ásia encerraram o dia com comportamento misto, Europa com viés mais para negativo e futuros do mercado americano com início positivo. A preocupação reside nas relações entre os dois países que andam bem desgastadas, mas também mira no pacote de estímulos que pode ser anunciado hoje (o secretário do Tesouro conta com essa possibilidade) e que pode ultrapassar US$ 1,0 trilhão. Aqui, não deveríamos perder o patamar de 100.000 pontos, sob pena de atrasar recuperação e seria ótimo se conseguíssemos passar dos 105.000 pontos novamente.

Aqui também alguma preocupação com as baixas sofridas na equipe econômica que, neste mês, ficaram em três (Mansueto, Rubens Novaes e Caio Megale). No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava leve queda de 0,07%, com o barril cotado em US$ 41,26. O euro tinha mais um dia de boa alta cotado a US$ 1,173 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros em 0,58%. O ouro e a prata em forte alta na Comex por conta do estresse e a onça troy se avizinhando de US$ 2.000. Commodities agrícolas com viés positivo na Bolsa de Chicago.

Mas os mercados tentam ficar no campo positivo, principalmente depois de a Alemanha anunciar que o índice IFO de confiança empresarial de julho subiu para 90,3 pontos, acima do esperado, e vindo de 86,3 pontos. Na China, o lucro empresarial de junho cresceu anualizado em 11,5%. Aqui, o IPC da Fipe da terceira quadrissemana de julho mostrou desaceleração para 0,22%, vindo de 0,33%.

Na agenda da semana, vamos começar a safra de balanços do segundo trimestre com empresas como Petrobras, Vale, Bradesco e Santander e no exterior com Amazon, Boeing, Facebook. Além disso, o PIB dos EUA no segundo trimestre com forte encolhimento e a decisão do FED sobre política monetária, seguida de coletiva do presidente Jerome Powell.

O dia pode ser da Bovespa buscando recuperação, dólar ainda fraco e juros com viés de queda.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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