Ontem foi dia de investidores promoverem rotação de estoques de ações, privilegiando empresas que ficaram atrasadas na retomada e vendendo ações com lucros recentes incorporados. Nos EUA, tivemos renovadas buscas por ações de tecnologia.
Hoje mercado voltam a mostrar tendência de queda com fechamento negativo na Ásia (exceto Xangai com +0,37%), Europa com mercados em dia de queda e futuros dos EUA com comportamento misto e Nasdaq em alta.
Aqui, a Bovespa ontem realizou pouco e encerrou com perda de 0,11% e índice em 104.309 pontos, depois de bater na máxima de 105.449 pontos. O importante é não perder patamar pouco acima de 100 mil pontos.
Investidores seguem preocupados com o aumento de casos de contágio pela covid-19, especialmente nos EUA e aguardam mais notícias sobre vacinas e medicamentos para combate. Também há preocupação com as relações diplomáticas entre os EUA e a China.
Ontem, os EUA exigiram o fechamento do consulado da China em Houston, alegando proteger a propriedade intelectual. A China, por sua vez, estuda exigir o fechamento da representação americana em Wuhan. Também traz algum constrangimento as pesquisas colocando Biden na frente de Trump, levando nervosismo para a reeleição e mudanças de atitude nos programas de governo, além da possibilidade de discursos mais duros.
O petróleo também dá tom negativo em queda, depois de a API divulgar crescimento de estoques nos EUA na semana anterior. Hoje, o Departamento de Energia dos EUA anuncia os estoques de petróleo e derivados. Com isso, o óleo WTI negociado em NY mostrava queda de 1,55%, com o barril cotado a US$ 41,27. O euro tinha a maior cotação em relação ao dólar desde outubro em US$ 1,157, enquanto os juros dos notes de 10 anos caíam para 0,59%. Commodities agrícolas negociadas na Bolsa de Chicago com viés negativo, o ouro e a prata com quedas na Comex.
Aqui, o governo sofreu ontem mais uma derrota com a câmara aprovando o texto base do Fundeb, em primeiro e segundo turnos, encaminhando para o Senado avaliar. O governo também entregou formalmente ontem seu projeto de reforma fiscal na primeira fase, basicamente agrupando PIS e COFINS no IVA dual, aliviando o setor bancário e elevando a carga do segmento de serviços, com a contribuição sobre bens e serviços (CBS) deixou de fora a cesta básica que permaneceu isenta (recuo da área econômica) e o ministro Paulo Guedes disse que vai encaminhar reformas também no IR, IPI e tributação de dividendos. A volta da CPMF ou outro nome que se queira atribuir é de difícil passagem no parlamento.
A FGV anunciou que a confiança da indústria em julho cresceu 12,5 pontos para 90,1 pontos. Já com relação às estatísticas da covid-19, são 81 mil óbitos e casos de infecção atingindo 2,2 milhões. A agenda do dia não contém dados que possam mexer com os mercados, mas certamente teremos volatilidade, até por conta da divulgação de resultados. Hoje também teremos Microsoft.
Nossa expectativa é de Bovespa podendo realizar seguindo exterior, mas temos que perceber a atitude dos investidores em relação à reforma tributária e entendimento entre os poderes. Juros e dólar devem ficar fracos.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado