Ontem os mercados de risco no mundo tiveram comportamento positivo, com petróleo em boa alta, ouro com nova máxima da onça-troy e dólar fraco no mercado internacional. As Bolsas subiram forte. Aqui, a Bovespa encerrou com valorização de 1,57% e índice em 102.801 pontos, depois de quase arranhar novamente os 104 mil pontos. O índice Nasdaq chegou a vazar o patamar de 110 mil pontos e fechou com novo recorde histórico de pontuação.
Depois do pregão encerrado, o Copom anunciou a decisão de reduzir a taxa Selic em 0,25%, para 2%, dentro do consenso do mercado, mas deixou ainda leve folga para reduzir ainda mais os juros, provavelmente não na próxima reunião, além de observar ser necessário perseguir reformas estruturantes e ver o desempenho da economia e temas centrais do ajuste. A taxa real de juros está próxima de -0,70%, e no menor patamar nominal da história, e assim deve permanecer por bom tempo.
Hoje mercados da Ásia encerraram o dia com comportamento misto, Europa operando no negativo e até acelerando tendência e futuros do mercado americano também no campo negativo. Aqui, estamos na metade do caminho entre perder patamar importante na faixa entre 98 mil a 100 mil pontos, ou ganhar fôlego para buscar a casa de 105 mil pontos e sinalizar objetivo em 108 mil pontos.
O dia começou com o BOE (BC inglês) mantendo a política monetária estabilizada, o que significa juros de 0,10% e compra de ativos no montante de 745 bilhões de libras, e considerando juros negativos, mas não para agora. O banco central da Índia também manteve a taxa estabilizada em 4%. Na Alemanha, as encomendas à indústria de junho surpreenderam positivamente com expansão de 27,9%, quando o esperado era alta de 11%.
Nos EUA, dirigentes regionais do FED indicam a necessidade de novos estímulos fiscais, Donald Trump promete agir se Congresso não obtiver acordo, mas democratas e republicanos ainda estão longe de um consenso sobre medidas que inclui redução de imposto sobre a folha de pagamentos. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 1,23%, com o barril cotado a US$ 41,67. O euro era transacionado em queda para US$ 1,184 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros em 0,52%. O ouro e a prata mostravam altas na Comex com maior aversão ao risco e commodities agrícolas com viés negativo na Bolsa de Chicago.
Uma curiosidade. Com o valor de mercado da Apple em US$ 1,88 trilhão, a empresa é maior que o PIB brasileiro. Já o lucro líquido ajustado do Banco do Brasil ficou em R$ 3,4 bilhões no segundo trimestre, em queda de 25,3% sobre igual período de 2019. Já a FGV anunciou que o IGP-Di de julho foi de 2,34% (anterior em (+1,60%), acumulando inflação em 2020 de 6,98% e em 12 meses de 10,37%, inteiramente descasado da inflação oficial pelo IPCA.
Na agenda do dia ainda teremos dados da PNAD contínua do trimestre encerrado em junho e a produção de veículos de julho. Nos EUA, teremos os pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior que antecede o Payroll de manhã. Expectativa para o dia é de Bovespa em queda seguindo o exterior e do noticiário sobre reformas internas e relações diplomáticas entre China e EUA. Dólar em alta e juros ajustando no curto prazo para Copom mais suave.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado