O início dessa semana promete ser tenso, complicado e de muita tensão no mundo, e aqui só um pouco pior pelos acontecimentos políticos do final de semana. Durante o feriado do Dia do Trabalho, os mercados que operaram tiveram fortes perdas. O Dow Jones com queda de 2,56%, Nasdaq com -3,20% e S&P com -2,81%. Os ADRs de Petrobras com queda acima de 6% e Vale com -4%; e o principal ETF do Brasil, o EWZ com perda de 4,4%.

Isso indica que deveríamos ter ajustes na abertura de hoje, e o dia ainda está sendo de queda nos principais mercados do mundo, com ou sem necessidade de ajustes. Os futuros dos EUA em queda e o petróleo que tinha subido em 1/5, mostra novamente, perdas para o WTI em NY. Mercados da Europa também com quedas fortes e até Londres que funcionou em 1/5, opera no campo negativo.

Motivo principal de tudo isso tem sido a ampliação de tensões entre os EUA e a China, com acusações que demoraram a notificar o Covid-19 e indicações graves de que o vírus vazou de laboratório em Wuhan. O presidente Trump, por sua vez, dizendo que não vai mais reduzir tarifas com a China sobre produtos comercializados e que farão boa transição na abertura da economia pelos Estados. Trump também afirma que haverá mais ajuda governamental e entendemos que isso será mesmo necessário.

Na Alemanha, o índice PMI da atividade industrial de abril caiu para 34,5 pontos e na zona do euro a queda levou o índice para 33,4 pontos. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 6,22%, com o barril cotado a US$ 18,55. O euro tinha queda para US$ 1,093 de ouro e prata com quedas na Comex. As commodities agrícolas negociadas na Bolsa de Chicago com quedas.

Aqui, os eventos de final de semana marcaram agressões de bolsonaristas a imprensa e o presidente Bolsonaro ainda colocou mais lenha se misturando com manifestantes e dizendo que a paciência acabou. Já o STF criticou asperamente as manifestações tidas como antidemocráticas e as agressões aos jornalistas, e esses ruídos devem permanecer durante a semana, juntamente com alusões ao impeachment do presidente.

Para completar esse quadro de tensão essa semana promete ser tensa em termos de expansão da curva de contágio. As estatísticas indicam que são mais de 100 mil casos e mais de 7 mil mortes.

Na agenda do dia, teremos o saldo da balança comercial de abril, a nova pesquisa semanal Focus do Bacen e na safra de balanços o Itaú divulgará depois do pregão encerrado o resultado do primeiro trimestre que deve mostrar as provisões para se proteger da crise. Nos EUA, teremos o PMI e ISM de abril e as encomendas à indústria de março. Na semana, teremos ainda a reunião do Copom na quarta-feira e do BOE (BC inglês) na quinta e payroll com a criação de vagas na economia americana durante o mês de abril para os setores público e privado.

Expectativa de Bovespa em queda, dólar pressionado e juros em alta, principalmente os mais longos e mesmo com a expectativa que o Copom possa reduzir a Selic em 0,50%.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado


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