O dia foi de grande surpresa para os investidores em todo o mundo desde que a expansão do coronavírus passou a ser o fator determinante no comportamento dos mercados e a busca por aplicações mais seguras passou a dominar. Hoje, começamos o dia com as mesmas expectativas em relação ao coronavírus, mas também com os investidores monitorando reunião do Grupo do G-7 e com possíveis decisões de atuação conjunta.

Ainda durante a madrugada, os bancos centrais da Austrália e Malásia se anteciparam e cortaram juros em 0,25%, para respectivamente 0,50% e 2,50%. Também tivemos posicionamentos importantes de Lagarde do BCE (Banco Central Europeu) e Mark Carney do BOE (Banco Central Inglês), defendendo medidas para equilibrar a economia com corte de juros e/ou QE (quantitative easing). Mas a surpresa caberia ao FED que saiu na frente.

O presidente do FED anunciou corte de juros de 0,50%, para o intervalo entre 1% e 1,25%, quase como algo inesperado, apesar das pressões exercidas ontem por Trump e secretários de grande importância. O secretário do Tesouro Mnuchin, disse que o combate ao coronavírus era prioritário e que tinha o apoio bipartidário para estimular a economia e realizar investimentos em infraestrutura. Instintivamente os mercados reagiram com altas e queda do dólar, mas aparentemente ficou faltando uma ação conjunta com outros bancos centrais (que ainda pode ocorrer), nos moldes do que aconteceu lá em 2008 com o evento conhecido como subprime, quando todos os principais BCs do mundo reduziram juros em 0,50%, de forma coordenada.

O presidente Jerome Powell deu coletiva e já durante o contato os mercados foram invertendo para o campo negativo. Powell disse ter feito o necessário para o momento e que estão monitorando fatos e implicações. Segundo ele, os risco e perspectivas mudaram no curto prazo, mas não estudam outros instrumentos. Trump elogiou a postura do FED. Aliás, o FED de NY hoje comprou US$ 120 bilhões em operação de recompra de títulos.

No Japão, o primeiro-ministro Shinzō Abe disse que pode ampliar o estímulo fiscal contra o coronavírus e os Jogos Olímpicos podem ser adiados. Na Turquia, a inflação de fevereiro voltou a subir para 12,37%, a maior taxa desde agosto de 2019. Já a Arábia Saudita também mexeu em juros nessa tarde e a OPEP recomendou corte de produção de 600 mil barris/dia.

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 0,58% com o barril cotado a US$ 47,02. O euro era transacionado em alta para US$ 1,117e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,98%. O ouro e a prata em boas altas na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China encerrou em queda de 0,43% e com a tonelada cotada em US$ 88,55.

No segmento local, a Comissão de Infraestrutura aprovou por unanimidade o PL (projeto de Lei) do marco do setor elétrico em primeiro turno e começaram as discussões sobre orçamento impositivo, com o governo enviando ao Congresso os projetos acertados dentro do acordo. Na véspera de divulgação do PIB de 2019, muitas instituições estão reduzindo bastante suas projeções do PIB de 2020, já havendo quem projete até 1,3% de expansão.

No mercado local, dia de DIs em queda e dólar oscilando bastante todo o dia entre positivo em negativo, para fechar com +0,55% e cotado a R$ 4,512.

No mercado acionário, dia de alta de 0,95% para a Bolsa de Londres, Paris com +1,12% e Frankfurt com +1,08%. Madri e Milão com altas de respectivamente 0,80% e 0,43%. No mercado americano, o Dow Jones com -2,94% e Nasdaq com -3,14%. Na Bovespa, dia de queda de 1,02% e índice em 105.537 pontos. A máxima do dia chegou a 108.803 pontos.

Na agenda de manhã teremos o PIB de 2019 e fluxo cambial. Nos EUA, a pesquisa ADP com criação de vagas no setor privado, PMI da atividade de serviços, dados do Livro Bege e discursos do FED de St. Louis.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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