Os mercados acionários do mundo passaram o dia buscando recuperar parte das perdas registradas na sessão de ontem, isso ocorreu mesmo com o noticiário desfavorável por novas contaminações relatadas que no início da tarde, chegavam a 4.630 infectados. Relatos de infectados na Alemanha e mais um caso na França, enquanto nos ainda está contabilizado 5 casos somente. O Japão e a Alemanha tiveram casos em pessoas que não estiveram na China.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) está enviando uma delegação de especialistas para a China para avaliar o surto, ao mesmo tempo, o presidente Xi Jinping diz ter total capacidade de derrotar o coronavírus. Os mercados reagiram de forma positiva a isso e puderam mostrar alguma força de retomada, ainda que não possa ser definitiva. O mercado da China só abrirá na segunda-feira e deve mostrar forte queda, mas amanhã será o teste com a abertura em Hong Kong.
Nos EUA, Trump pressionou novamente o FED na véspera da decisão sobre política monetária dizendo que deveriam ser espertos e reduzir os juros, já que quase não há inflação. Trump também falou de seu plano para o Oriente Médio incluindo a criação de dois Estados: Israel e Palestina. O Reino Unido permitiu que a gigante chinesa de tecnologia Huawei participe do programa de implantação de 5G, sob restrições.
Ainda nos EUA, as encomendas de bens duráveis de dezembro cresceram 2,4% de previsão de queda de 0,3%. Lá a curva de juros voltou a achatar, invertendo as taxas de três meses e de dois anos. A confiança do consumidor do Conference Board subiu para 131,6 pontos, de anterior em 128,2 pontos. Já o índice de atividade de Richmond, subiu para 20 pontos (previsão era -2 pontos), no maior patamar desde 2013.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 0,53%, com o barril em US$53,42. O euro era transacionado em leve queda para US$ 1,10 e notes americanos de 10 anos com taxa de juro em 1,64%, em alta. O ouro e a prata em quedas na Comex, mostrando menor interesse por proteção pelos investidores. Commodities agrícolas ainda com viés leve de queda nas negociações da Bolsa de Chicago.
No cenário doméstico, o presidente do Bacen deu palestra em instituição financeira, dizendo que na desaceleração global já vimos o pior, que a eleição americana é relevante para a economia global e identificou que os estrangeiros estão achando preços dos ativos caros e migrando para Bolsas asiáticas. Disse também ser fundamental ter cadência e continuidade das reformas por aqui e que, o rebalanceamento da economia chinesa é relevante.
Já o Tesouro, anunciou que a dívida pública federal (DPF) em 2019 atingiu R$ 4,25 trilhões, com expansão de 1,03% e a participação de estrangeiros seguiu cadente para 10,43% do total. Os vencimentos em 12 meses chegam a 18,68% e o prazo médio encurtou para 3,97 anos. Com custo médio de 8,71%, em alta. O plano de 2020 é chegar com dívidas entre R$ 4,5 e R$ 4,75 trilhões.
No mercado, dia de DIs com queda de juros para os principais vencimentos e dólar encerrando com -0,39% e cotado a R$ 4,193. Na Bovespa, na sessão de 24/1, os investidores estrangeiros sacaram recursos no montante de R$ 1,75 bilhão, com saídas líquidas em janeiro atingindo R$ 13 bilhões. Lembrando que em 2019 saíram recursos no montante de R$ 44,5 bilhões.
No mercado acionário, dia de alta na Bolsa de Londres de 0,93%, Paris com +1,07% e Frankfurt com +0,90%. Madri e Milão com altas de respectivamente 1,20% e 2,61%.
No mercado americano, faltando cerca de meia hora para o encerramento o Dow Jones marcava +0,88% e Nasdaq com +1,60%. Na Bovespa, pouco antes do call de encerramento tínhamos alta de 1,88% e índice em 116.629 pontos.
Na agenda de amanhã, teremos a confiança da indústria de janeiro, a nota de política monetária de dezembro e o fluxo cambial da semana anterior. Nos EUA, o saldo da balança comercial e o mais importante a decisão do FED de política monetária e coletiva do presidente Jerome Powell.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado