Já tínhamos instruído que o dia poderia ser complicado para os mercados de risco, depois de recordes nos índices americanos e outros, e a B3 beirando o patamar de 110.000 pontos. Também abordávamos a curta semana do mercado americano, com o feriado amanhã de Ação de Graças, seguida da liquidação da Black Friday. Em função disso, a agenda de eventos também ficou lotada de indicadores com capacidade de mexerem com os mercados.

Não deu outra: a Europa começou o dia com tendência indefinida e com pequenas variações; o mercado americano com comportamento misto, oscilando entre positivo e negativo quase todo o dia; comportamento semelhante também para a Bovespa, que só retomou alta na parte da tarde. Mas, o dado positivo é que finalmente a B3 vazou novamente aquele patamar que vínhamos falando como importante em 110.000 pontos e na máxima do dia chegou a 110.595 pontos.

No cenário externo, o noticiário deu conta que Biden deve definir e anunciar sua equipe econômica até a próxima semana, ao mesmo tempo em que a campanha de Trump ainda tenta impugnar votos em Visconsin. Já o presidente Xi Jinping, da China, finalmente parabenizou Biden pela vitória. O BCE (BC europeu) diagnosticou como difícil conseguir manter crescimento na região do euro no quarto trimestre.

Nos EUA, muitos indicadores de conjuntura. As encomendas de bens duráveis de outubro cresceram 1,3% pelo sexto mês seguido, e o PIB do terceiro trimestre, em sua segunda leitura, expandiu anualizado em 33,1%, idêntico à primeira. Os pedidos de auxílio desemprego expandiram 3.000 posições para 778.000, de previsão de 733.000. Pedidos continuados da semana anterior encolheram 299.000, para 6,07 milhões. No entanto, as vendas de imóveis novos caíram em outubro 0,3% e os estoques de petróleo da semana anterior foram reduzidos em 0,75 milhão.

A confiança do consumidor de Michigan caiu para 76,9 pontos em novembro, gastos com consumo em alta de 0,9% em outubro e a renda pessoal encolhendo 0,7%. A ata da última reunião do FED seguiu descrevendo que a economia melhora, mas a pandemia continuará impactando, com riscos de médio prazo. Os mercados sentiram quando souberam que os membros discutiram ajustes no programa de flexibilização monetária.

Já a OPEP, pode estender o corte de produção dos países membros, incluindo a Rússia, mesmo com a melhor do preço internacional e compensando aumento da Líbia. Isso trouxe nova alta para o óleo no mercado internacional, e o WTI negociado em NY mostrava nova alta de 1,74%, com o barril cotado a US$ 45,69. O euro tinha alta para US$ 1,192 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,87%. O ouro e a prata eram negociados próximos da estabilidade na Comex enquanto as commodities agrícolas apresentaram um comportamento misto na bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China fechou estável, em US$ 127,41.

No segmento local, superávit em conta-corrente em outubro de US$ 1,47 bilhão (setembro foi US$ 2,32 bilhões) e IDP (investimento direto no país) de US$ 1,79 bilhão em outubro, contra outubro de 2019 de US$ 8,22 bilhões. No ano, o IDP está em US$ 31,9 bilhões, com a projeção do ano em US$ 50,0 bilhões. Isso evidencia a incerteza dos investidores estrangeiros. Contudo, os investimentos em ações brasileiras chegaram a US$ 2,76 bilhões e considerando o portfólio total US$ 5,47 bilhões. 

A participação dos estrangeiros na dívida pública federal subiu para 9,79% em outubro (anterior em 9,44%) e o volume de dívida a vencer em 12 meses chega a 27,59%, de anterior em 26,03. A dívida pública fechou outubro em R$ 4,64 trilhões, com expansão de 2,47%. Já o déficit do governo central deve atingir em outubro R$ 64,0 bilhões. O ex-secretário do Tesouro disse que não pode haver nenhuma margem de erro na política fiscal e que o país não pode passar sete ou oito anos com política fiscal tão frágil. Segue a pressão sobre o governo para sair da paralisia decisória.

No mercado, dia de dólar em queda seguindo exterior com a moeda em queda de 1,02% e cotada a R$ 5,315. Na B3, os investidores voltaram a aplicar recursos no montante de R$ 698,1 milhões em 23/11, elevando o ingresso líquido de novembro ao recorde de R$ 26,7 bilhões. No ano, temos saídas líquidas de R$ 58,17 bilhões.

No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 0,64% pelas inconstâncias do Brexit, Paris com +0,23% e Frankfurt com -0,02%. Madri e Milão com altas de respectivamente 0,26% e 0,72%. No mercado americano o Dow Jones teve queda de 0,58% e Nasdaq com +0,48%. Na Bovespa, dia de alta de 0,32% e índice fechando em 110.132 pontos. Destaque positivo para Vale e siderúrgicas.

Na agenda de amanhã, feriado importante nos EUA e mercados no mundo sofrendo com precificação ruim dos ativos e estreitamento de liquidez. Aqui teremos o IPP (preço do produtor) de outubro e Caged, além da confiança do comércio de novembro.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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