Hoje, foi daqueles dias em que todos os mercados do mundo tiveram boa valorização. Desde cedo na Ásia, Tóquio em alta de 4,86% e Seul com 5,28, passando por valorizações acima de 3% para os principais mercados da Europa e terminando com dia bem positivo nos EUA. Aqui, estivemos mais comedidos por conta do vencimento de derivativo de índice que ocorre amanhã e complicações políticas. Mas também conseguimos cravar alta, com a máxima do dia atingindo 95.215 pontos, bem onde marcávamos em nosso comentário de abertura.

Começamos o dia reverberando ainda o anúncio do FED de que vai comprar títulos corporativos, bons indicadores divulgados na Alemanha (índice de expectativas econômicas Zew), seguido de indicadores também positivos nos EUA. Lá, as vendas no varejo cresceram em maio 17,7% (esperado era +7,9%), e Trump comemorou como sendo “um grande dia” para os mercados. Já a produção industrial ficou aquém do previsto crescendo 1,4% (previsto era +2,5%), e o índice de confiança dos construtores subindo para 55 pontos, também mais forte que o previsto.

A sensação global é que o pior momento já ficou para trás em abril, mas o presidente do FED de Filadélfia, Harker diz que 2021 será de bom crescimento, mas não suficiente para apagar as perdas da covid-19. A expectativa do dia ficou por conta da arguição do presidente do FED Jerome Powell no Senado americano, de certa forma repetindo sua coletiva da semana passada, mas sem agregar as quedas daquela aparição. Falou sobre as incertezas de retomada da economia e que fará e usará todas as ferramentas para mitigar os impactos da crise. Powell também falou das compras de títulos corporativos, acrescentando que se o mercado seguir forte irá reduzindo compras. Voltou a destacar os tempos difíceis, mas agora com discurso mais dovish (suave).

A China e que relatou novos casos de contágio e, por conta disso, Pequim voltou a fechar as escolas. No mercado internacional, o petróleo WTI voltou a operar em alta por conta de estudos da AIE-Agência Internacional de Energia falando de demanda maior para o restante de 2020. O óleo WTI negociado em NY mostrava alta de 3,58%, com o barril cotado a US$ 38,45. O euro era transacionado em queda para US$ 1,127 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,75%. O ouro e a prata com altas na Comex e commodities agrícolas com viés de queda. O minério de ferro negociado na China teve dia de alta de 1,36%, com a tonelada em US$ 104,85.

Aqui, dia de divulgação das vendas no varejo de abril, com queda no mês de 16,8%, acumulando contração no ano de 3% e ainda em alta de 0,7% em 12 meses. O varejo ampliado encolheu 17,5% e cai no ano, 6,9%. No trimestre, a queda foi de 6,1% e estamos 22,7% abaixo do pico ocorrido em outubro de 2014. Já o ministro Paulo Guedes repetiu o discurso que o Brasil vai surpreender, mas não disse que a recuperação seria em “V”. Falou em perseguir reformas e que o país tem estatais demais e dinheiro de menos para a educação.

Sobre reformas, Rodrigo Maia disse que a prioridade será tributária, mas que se o presidente quiser mandar a administrativa, ela irá tramitar. No mercado, dia de dólar abrindo em queda e depois subindo, para fechar em +1,79%% e cotado a R$ 5,23. Na Bovespa, na sessão de 12/6, os investidores estrangeiros sacaram recursos no montante de R$ 380,8 milhões, ainda com junho positivo em R$ 2,81 bilhões e o ano de 2020 com saídas líquidas de R$ 74,03 bilhões.

No mercado acionário, dia de alta da Bolsa de Londres de 2,94%, Paris com +2,84% e Frankfurt com +3,39%. Madri e Milão com altas de respectivamente 3,25% e 3,46%. No mercado americano, o Dow Jones com +2,04% e Nasdaq com +1,75%. Na Bovespa, dia de +1,25% e índice em 93.531 pontos.

Na agenda de amanhã teremos o IPC da Fipe da segunda quadrissemana de junho, o volume de serviços prestados em abril e o fluxo cambial da semana anterior. O dado mais importante será a decisão do Copom com consenso absoluto de queda da Selic de 0,75%, para 2,25%. O comunicado é que pode definir os próximos passos. Nos EUA, as construções de novas residências de maio, estoque de petróleo na semana anterior e novo pronunciamento de Jerome Powell.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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