Ontem os mercados de risco no mundo operaram sem direção definida com as Bolsas dos EUA fechando com altas (recorde de pontos novamente para o Nasdaq) e dólar fraco no mercado internacional e a Bovespa com queda de 1,57% e índice em 101.215 pontos, mas ao longo do dia esbarrou na zona perigosa de 100 mil pontos. Dólar por aqui encerrando em queda de 0,37% (depois de oscilar muito), com a moeda cotada a R$ 5,29.

Motivo do comportamento, a dificuldade de republicanos e democratas em fechar pacote de estímulos fiscal e aqui muitos ruídos sobre o projeto de reforma tributária do governo (já esperado), e principalmente a recriação da CPMF.

Hoje dia começando bem melhor com Bolsas da Ásia fechando com altas durante a madrugada, Europa operando em boa alta nesse início de manhã e futuros do mercado americano também no campo positivo. Aqui, seria oportuno nos afastarmos dos 100 mil pontos que é zona de risco e tentar mirar em recuperar o patamar de 105 mil pontos. Mas os investidores estrangeiros não param de sacar recursos, e até o final de julho já sacaram liquidamente quase R$ 85 bilhões.

Hoje o secretário do Tesouro dos EUA, Mnuchin, disse ser possível fechar um novo pacote de estímulos para a economia americana até o final da semana, ou o presidente Trump pode agir por decreto executivo. O dia está sendo também de divulgação de indicadores PMI da atividade composta (indústria e serviços) para diferentes países durante o mês de julho.

No Japão, o índice composto subiu para 44,9 pontos e o PMI caixin da China de serviços caiu para 54,1 pontos, vindo de 58,4 pontos. Na Alemanha, o índice composto subiu para 55,3 pontos (menor que o estimado) e na zona do euro em alta para 54,9 pontos (melhor que previsto). No Reino Unido, alta para 56,5 pontos. De qualquer forma, exceto no Japão, todos acima de 50 pontos, o que mostra expansão da atividade.

Na zona do euro, as vendas no varejo de junho cresceram 5,7%, mas menos que o previsto de +6,6%. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava forte alta de 2,66%, com o barril cotado a US$ 42,81. O euro era transacionado em alta para US$ 1,183 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,53%. O ouro e a prata tinham altas fortes na Comex e commodities agrícolas com comportamento misto na Bolsa de Chicago.

Aqui, os governadores fazem pressão para derrubar vetos do presidente ao marco do saneamento básico, principalmente no item referente a concessões, e o Congresso pode pautar para a próxima semana os vetos na desoneração da folha de pagamentos. Economistas que estudam dados das contas públicas dizem que a CPMF não deve servir para cobrir despesas com a Previdência e esse seria um risco grande para próximos dirigentes acertarem contas públicas.

Já a Febraban diz que tabelar juros do rotativo do cartão de crédito e cheque especial teria efeitos nocivos sobre a economia. De qualquer forma, a próxima semana será de teste para a base de apoio do governo. A FGV anunciou que a inflação das classes de baixa renda de julho foi de 0,50%, de anterior em +0,33%.

Na agenda do dia, depois de pregão encerrado, teremos a decisão do Copom sobre a Selic que deve ser de queda para 2%. Importante ver o comunicado sobre próximos passos. Teremos também o IC-Br de julho e o fluxo cambial da semana anterior. Nos EUA, a pesquisa ADP de criação de vagas no setor privado que antecede ao Payroll que sai na sexta-feira, além do saldo na balança comercial de junho.

O dia deve ser de Bovespa em alta, dólar fraco e juros em queda, mas será preciso avaliar ruídos da reforma tributária.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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