Investidores no mercado local amanheceram preocupados com a derrubada do veto de não reajustar salários de servidores pelo Senado, o que acarretaria dispêndio de cerca de R$ 121 bilhões. O ministro Paulo Guedes e o presidente foram duros ao afirmar que assim não haveria espaço para governar, e começou uma enorme articulação para a Câmara manter os vetos que ela mesmo tinha derrubado.

Tudo aparentemente ia bem nas articulações entre os líderes, até que a bancada conhecida como “da bala”, passou a apoiar a derrubada e isso pode adiar a sessão de votação. Mercados por aqui reagiram mal na largada, melhoraram com falas e negociações e voltaram a perder consistência na dança de objetivos pouco ortodoxos dos parlamentares. Bovespa abrindo com boa queda, dólar estressado batendo em R$ 5,65 e obrigando o Bacen a lançar operação de venda à vista de US$ 1 bilhão e juros em alta. Tudo por conta da leitura preocupante sobre ajuste fiscal. Melhor dizendo, o temor fiscal.

No exterior, os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA da semana anterior cresceram 155 mil posições para total de 1,14 milhão, quando o previsto era que fosse de 923 mil pedidos. Também tivemos a prisão de Steve Bannon, ex-assessor de Trump, por fraude em levantar fundos e a Justiça decidiu que Trump deve liberar registros tributários para os promotores de NY.

A ata da reunião do BCE (BC europeu) deixou patente que a recuperação ainda não está clara para a região do euro, com a palavra “incerteza” aparecendo 20 vezes no texto. Também ficou claro que existem controvérsias sobre o programa emergencial de 1,35 trilhão de euros. Três bancos centrais e o próprio BCE, diminuíram a frequência de operações de swap com o FED, permitindo reduzir o tamanho do balanço. São eles o da Suécia, Japão e o Inglês.

O secretário Kudlow, de Trump, insiste que a recuperação da economia será em formato de “V” e as negociações comerciais com os chineses será inicialmente telefônica. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY teve dia de queda de 0,75%, com o barril cotado a US$ 42,61. O euro era transacionado em leve alta para US$ 1,186 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,64%. O ouro e a prata com quedas na Comex (ouro abaixo de US$ 2 mil por onça-troy) e commodities agrícolas majoritariamente com quedas na Bolsa de Chicago.

No segmento local, a FGV anunciou que a confiança da indústria em agosto subiu 8,8 pontos para 98,2 pontos. A Receita mostrou arrecadação em julho de R$ 116 bilhões, a menor para o mês desde 2009. Contra o mês de junho houve expansão de 33,9%. No acumulado do ano, a arrecadação soma R$ 782 bilhões e as desonerações atingem R$ 64,1 bilhões, sendo que em julho subiram para R$ 10,6 bilhões.

O FMI é que deu declarações que a América Latina cresce pouco por falta de capital humano e não exatamente por falta de investimentos. Já a Petrobras anunciou aumento da gasolina de 6% a partir de amanhã. No mercado, o dólar encerrou o dia com +0,40% e cotado a R$ 5,55. Na Bovespa, na sessão de 18/8, os investidores estrangeiros fizeram boa alocação de recursos no montante de R$ 1,07 bilhão, deixando o saldo de agosto positivo em R$ 3,02 bilhões, mas com saídas líquidas no ano de 2020 de R$ 81,9 bilhões.

No mercado acionário, dia de queda da Bolsa de Londres de 1,61%, Paris com -1,33% e Frankfurt com -1,14%. Madri e Milão com perdas de respectivamente 1,42% e 1,44%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,17% e Nasdaq com +1,06%. Na Bovespa, muita oscilação por conta da votação de vetos do presidente, encerrando com +0,61% e índice em 101.467 pontos. Na mínima chegou a 99.131 pontos.

Na agenda de amanhã, dia de PMI da atividade industrial e serviços para diferentes países e venda de imóveis usados em julho.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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