Se na semana passada a pressão sobre Bolsonaro foi forte, no final de semana a situação se intensificou ainda mais, assim como a polarização de posturas. Economistas de renome, ex-ministros e ex-presidente do Bacen foram signatários de carta aberta cobrando a vacinação massiva da população, o uso de máscaras, isolamento social e lockdown em regiões; tudo que o presidente tem se posicionado contra.
Governadores e prefeitos criticaram abertamente a atitude do governo de não apoiar medidas e ir contra o isolamento, dizendo que “seu exército” não iria para as ruas para defender decreto de governadores e prefeitos. Bolsonaro, no final de semana, disse para apoiadores que só Deus o tiraria da presidência, mas os militares e seu ministro do GSI estão silentes.
Enquanto isso, os jornais dão conta que a lua de mel com o centrão está terminando e PSDB e PT (o pouco provável) se unem contra o presidente, ao mesmo tempo, os presidentes da Câmara e Senado cobram ação do ministério da Saúde e novos atrasos na entrega de vacinas ocorrem.
Mercados hoje mostraram quedas na Ásia, a Europa operando também no negativo e futuros dos EUA com comportamento misto. Por aqui, muita volatilidade é prevista e só melhora quando conseguir passar 118 mil e 120 mil pontos do Ibovespa, e com consistência.
No exterior, a Europa estuda novas medidas restritivas numa terceira onda do covid-19 com variantes mais poderosas, o que retarda a recuperação da economia e exige políticas de flexibilização monetária e fiscal. Aqui, o ministro Paulo Guedes tenta safar o governo prometendo que as reformas administrativa e tributária sairão ainda em 2021, o que vai ficando complicado.
Resumo dessa ópera bufa: covid-19 e imunização dominam os mercados e, aqui, política segue fervilhando. Não menos importante, o comportamento dos juros no mercado internacional pressiona os países emergentes ainda mais. Hoje teremos Jerome Powell do FED e outros dirigentes falando sobre isso e podem modificar o comportamento.
Na agenda do dia teremos a nova pesquisa semanal Focus do Bacen e o saldo da balança comercial, além de dados de atividade da indústria.
Nos EUA, os discursos são importantes e sairá ainda as vendas de imóveis usados de fevereiro.
Expectativa para o dia é de Bovespa difícil e dependente do exterior melhorar, dólar pressionado e juros também.