Brasil: COPOM (março)
O Banco Central cortou a taxa de juros em 0.5% para 3.75%, em linha com a projeção da casa e da precificação do mercado. O statement surpreendeu pelo lado hawkish e traz informações relevantes sobre as projeções do BC e os próximos passos de política monetária.
Primeiramente, o BC classifica o cenário base chamando atenção, evidentemente, para o risco do coronavirus e a desaceleração do crescimento global além da queda nos preços das commodities.
Em termos de projeção, merece destaque que tanto pelo cenário híbrido (que prevê taxa de juros extraídas da pesquisa FOCUS e dólar constante a R$4.75/US$) como no cenário com taxas de juros constantes a 4.25% e câmbio constante a R$4.75/US$ as expectativas de inflação para 2020 e 2021 ficam inalteradas em 3.0% e 3.6%, respectivamente.
O comitê ressalta de qualquer forma a existência de maior risco em torno de seu cenário básico, o que resulta em “maior variância do que a usual para a inflação prospectiva”. Ou seja, tem-se por óbvio que a incerteza elevada retira poder de informação das expectativas de inflação como mencionadas acima.
O COPOM destaca também a necessidade de manutenção do processo de reformas e afirma que isto é essencial para a retomada do crescimento a frente.
Finalmente, em termos de projeção futura, chama atenção que a taxa de política monetária atual é vista como adequada e faltam referências as próximas decisões do comitê.
O comunicado surpreendeu pelo lado hawkish por não se comprometer com cortes futuros e dar ênfase ao andamento das reformas. Ao mesmo tempo, destaca-se que o BC se diz pronto para atuar com todas as ferramentas de política monetária, cambial estabilidade financeira para enfrentar a crise atual.
Esperamos um ajuste na curva DI amanhã para refletir as expectativas mais imediatas para a política monetária, ao mesmo tempo que nossa expectativa de juros para o restante do semestre permanece em 3.75%.
Felipe Sichel
Estrategista do banco digital modalmais
Fonte: https://www.modalmais.com.br/blog