Os investidores foram surpreendidos pelo endurecimento do Bacen na ata da última reunião que manteve a Selic em 2%, mas retirou a orientação futura (forward guidance), sobre expectativa dos juros. Na ata, ficou mais clara a postura de elevar juros, com muitas instituições projetando que isso possa acontecer em março, ou certamente em maio. Isso mexeu com todos os mercados especialmente juros e câmbio.
Apesar disso, o foco segue sendo a corrida entre o contágio de covid-19, e o processo vacinal no mundo e principalmente no Brasil. Na reunião virtual de Davos, falaram Merkel, Macron, Georgieva (FMI) e outros, e a temática foi covid-19 afetando a recuperação econômica global e a preocupação com a situação climática no mundo de forma indissociável.
Já o primeiro-ministro Boris Johnson lamentou que os óbitos na região ultrapassaram 100 mil pessoas e disse que a diminuição das restrições ocorrerá quando a situação melhorar. Disse já terem vacinado quase 7 milhões de pessoas.
No Reino Unido, a taxa de desemprego subiu para 5%, e pode acelerar nos próximos meses, segundo previsões até 7%. Já o FMI elevou sua projeção de PIB global em 2021 para 5,5% (anterior em 5,2%) e manteve estável a projeção para 2022 em 4,2%. Para o Brasil, também melhorou o crescimento para 3,6% (anterior em 2,8%), e para 2022 com 2,6% (de anterior em 2,3%).
Já o FMI declarou que devem ser tomadas ações agressivas de fiscalização do comércio com a China, e que a questão climática é fundamental para precificação dos ativos. Os EUA, agora de Biden, também deram declarações endurecendo as relações com a China. Lá, a confiança do consumidor do Conference Board de janeiro subiu para 89,3 pontos, de anterior em 87,1 pontos. Na Itália, Conte convocou seu gabinete de governo para anunciar renúncia.
A farmacêutica AstraZeneca disse não ter vacinas para vender ao setor privado. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 0,36%, com o barril cotado em US$ 52,58. O euro era transacionado em leve alta para US$ 1,216 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,03%. O ouro em queda e a prata em alta na Comex e commodities agrícolas com altas na Bolsa de Chicago. O minério de ferro negociado na China (Qingdao) com -2,42%, com a tonelada negociada em US$ 165,07.
Aqui, tivemos declarações de Bolsonaro e de Paulo Guedes em evento do Credit Suisse, reafirmando observância do teto de gastos e aceleração de privatização. Isso veio em resposta as últimas declarações sobre extensão de auxílio emergencial e a renúncia do presidente da Eletrobrás. Paulo Guedes disse que pode concordar com a extensão do auxílio emergencial desde que se cortem gastos. Paulo Guedes falou também em recuperação em “V” e expectativa de crescimento de até 5%, se tudo correr certo.
O IBGE anunciou o IPCA-15 de janeiro, previa da inflação oficial, com desaceleração para 0,78% (anterior em 1,06%) acumulando taxa em 12 meses de 4,30%. Alimentos e bebidas com expansão de 1,53%, com impacto de 0,32% no índice. O índice de difusão subiu para 73,8%, vindo de 63,2%. Já a ata do Copom falou em pouca previsibilidade da economia com a covid-19, recuperação desigual, que o término do auxílio pode reverter temporariamente a tendência de recuperação e que o regime fiscal não foi alterado. Falou em incertezas de retomada e dos gastos.
No mercado, dia de dólar oscilando muito e fechando em queda forte de 3,30% e cotado a R$ 5,327. Na Bovespa, na sessão de 21/1, os investidores estrangeiros voltaram a reforçar a alocação de recursos com R$ 1,31 bilhão, deixando o saldo acumulado em janeiro com ingressos líquidos de R$ 22,93 bilhões.
No mercado acionário, a Bolsa de Londres terminou com alta de 0,23%, Paris com +0,93% e Frankfurt com +1,66%. Madri e Milão com altas de respectivamente 0,86% e 1,15%. No mercado americano, o Dow Jones oscilando entre positivo e negativo e fechando com -0,07% e Nasdaq igual com -0,07%. Na Bovespa, dia de queda de 0,81% e índice em 116.433 pontos. Na máxima do dia, atingiu 119.167 pontos.
Na agenda lotada de amanhã teremos o IPC da Fipe da terceira quadrissemana de janeiro, a confiança do comércio, a nota do setor externo e de mercado aberto de dezembro, o relatório da dívida pública e fluxo cambial da semana anterior. Nos EUA, as encomendas de bens duráveis de dezembro, os estoques de petróleo e derivados, a decisão do FED sobre política monetária e coletiva de Jerome Powell.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado