Ontem, no finalzinho do pregão, as Bolsas americanas e a B3 aceleraram perdas e realizações de lucros recentes. A B3 interrompeu o que seria o quarto pregão seguido de alta e fechou com queda de 1,05% e índice voltando aos 106.119 pontos, e o dólar após bater a casa de R$ 5,27, encerrou cotado a R$ 5,37. O Dow Jones registrou perda de 1,16% e Nasdaq com -0,82%.
A aversão ao risco se fez presente por conta da expansão da segunda onda de covid-19, sendo que nos EUA, os óbitos atingiram 250 mil pessoas e os contaminados passam de 11,5 milhões. As escolas de NY voltaram a ficar fechadas. O avanço do vírus se contrapõe ao desenvolvimento de vacinas por diferentes farmacêuticas, mas no momento, é só uma luz no fim do túnel no que se refere à vacinação massiva de pessoas. Até que isso ocorra, a contaminação deve aumentar, inclusive como já demonstra o Brasil.
Hoje mercados da Ásia terminaram com comportamento misto, Europa operando com quedas ao redor de 1%, mas já afastadas das mínimas do dia e futuros do mercado americano novamente no campo negativo. Aqui, a B3 pode seguir o exterior e realizar, mas não deveria perder o patamar ao redor de 104.500 pontos do Ibovespa, sob pena de acelerar quedas.
No exterior, o Reino Unido e o Canadá podem fechar ainda na semana acordo de comércio, enquanto o primeiro-ministro Boris Johnson diz não ter certeza sobre acordo próximo com a União Europeia. Em comunicado conjunto, os EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e o Reino Unido expressaram preocupação com perseguição de políticos de Hong Kong pela China.
Christine Lagarde, presidente do BCE (BC europeu), diz que o mais importante é que as políticas fiscais e monetária trabalhem juntas e deve ampliar estímulos para a região do euro. Acrescentou que o juro estrutural pode cair mais, caso a poupança dos europeus siga crescendo e que bancos devem estar preparados para perdas.
No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 1,12%, com o barril cotado a US$ 41,35. O euro era transacionado em queda em relação ao dólar para 1,183 (sempre ocorre quando a versão se sobrepõe) e notes americanos de 10 anos em queda para 0,85%. O ouro e a prata também com quedas na Comex e commodities agrícolas com viés de baixa na Bolsa de Chicago.
Aqui, o ministro Paulo Guedes em cerimônia ontem reclamou e acusou de acordo de político centro-esquerda para barrar a privatização de empresas, e disse que em breve haverá uma trégua eleitoral e o Senado conseguiu aprovar a autonomia do Banco Central. Mas calma ministro, isso ainda está um pouco longe de acontecer.
Também notamos que mudanças no texto da declaração final da reunião de cúpula do BRICS deixou o Brasil mais longe de integrar o Conselho de Segurança da ONU, isso é atribuído ao estressamento das relações com a China, e declarações com visões opostas dos dois presidentes (Bolsonaro e Xi Jinping), lembrando que a China é nosso maior parceiro comercial e ainda existe a situação mal resolvida sobre tecnologia 5G e participação da gigante Huawei.
Na agenda do dia, nenhum grande evento previsto que possa mudar muito o comportamento dos mercados. Assim, devemos começar o dia com queda da Bovespa, dólar em alta e juros também.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado