Ontem, por mais uma vez, os mercados abertos na parte da tarde perderam tração no finalzinho da sessão, por conta de pressões do presidente Bolsonaro indo em comitiva de empresários e Paulo Guedes ao STF e visita apressada para pressionar reabertura da economia.

No exterior, as tensões entre os EUA e a China deram o tom. Aqui, ainda tivemos que ajustar expectativas com a decisão do Copom de reduzir a Selic em 0,75% para 3%, provocando queda forte dos juros e alta do dólar. Resultado disso foi com a Bovespa na contramão do mercado americano com queda de 1,20% e índice em 78.118 pontos, o Dow Jones com alta de 0,89% e Nasdaq com +1,41%. O dólar encerrou com valorização de 2,43%, cotado a R$ 5,84.

Hoje mercados abrindo sob tensão com a divulgação do Payroll ainda hoje e criação de vagas na economia americana em abril que pode chegar à destruição de 30 milhões de vagas de emprego, mas também aliviados com a distensão das relações comerciais entre os EUA e a China na primeira fase do acordo.

As Bolsas da Ásia encerraram o dia com altas e destaque para Tóquio com +2,56%, Europa com altas ao redor de 1% e futuros do mercado americano no campo positivo e altas também acima de 1%. Aqui, ainda seguimos precisando ultrapassar definitivamente a faixa de 80 mil pontos do Ibovespa e ir buscar patamar superior aos 83 mil pontos.

Falando sobre a Covid-19, há certa tensão com a possibilidade de Lockdown em algumas regiões mais críticas (inclusive no RJ), depois de novo recorde com 610 óbitos no dia de ontem e quase 10 mil casos de infecção. Nos EUA, as mortes de ontem atingiram 2.495. Nos EUA, o presidente Trump considera adotar mais medidas para aliviar a crise e torce pela rápida abertura da economia pelos estados.

No Japão, o PMI da atividade de serviços de abril observou queda para 21,5 pontos, vindo no mês anterior de 33,8 pontos. Já na Alemanha, o superávit da balança comercial em março atingiu 12,8 bilhões de euros, mas as exportações tiveram recorde de queda de 11,8%. Notícia boa veio da Arábia Saudita, com a Aramco informando aos clientes que vai subir o preço do petróleo vendido em junho. Isso alivia as cotações do óleo hoje no mercado internacional.

O Peru optou por manter os juros estabilizados em 0,25% e o Facebook autorizou os funcionários a trabalharem em home office até o final de 2020. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 2,29% (já esteve mais alto), com o barril cotado a US$ 24,09. O euro era transacionado em leve alta para US$ 1,08 e notes americanos com taxa de juros de 0,64%. O ouro e a prata subiam na Comex e commodities agrícolas com viés de alta na Bolsa de Chicago.

Aqui, soou mal a visita de Bolsonaro e empresários ao STF e o presidente da Câmara disse que se fossem até lá, só entraria o presidente. Já Bolsonaro em live ontem, confirmou que vai congelar salários de funcionários públicos por um ano e meio, enquanto o STF barrou o envio de dados de clientes de telefônicas ao IBGE.

O IGP-DI de abril mostrou alta de 0,05% (anterior em +1,64%), menor que o piso das projeções e acumula alta em 2020 de 1,80% e em 12 meses de 6,10%. Já o IPC-S da primeira quadrissemana de maio, teve deflação de 0,34%.

Na agenda do dia, o dado que pode mexer com os mercados e a divulgação do Payroll por volta das 9h30. A expectativa é de Bovespa em alta, dólar podendo realizar um pouco (mas a primária é de alta) e juros em queda.

Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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