Ainda podemos ter tempo de encerrar no campo positivo na Bovespa neste mês de agosto. Até aqui, mostrando perda de 0,75% no acumulado do mês. Na semana passada, o Ibovespa encerrou com valorização de 0,61% e índice em 102.142 pontos, com o dólar em contração de 3,42% e cotado a R$ 5,415, enquanto o Dow Jones observou alta de 2,58% e o Nasdaq com +3,39, e junto do S&P estabelecendo novos recordes históricos de pontuação.
Na nova semana que está começando, os mercados asiáticos encerraram o dia com desvalorizações, exceção para a Bolsa de Tóquio, com alta de 1,12%, e começando a definir a sucessão de Shinzo Abe, o primeiro-ministro mais longevo do país. Europa operando em alta nesse início de manhã ainda sob os efeitos da decisão do FED americano de trabalhar com inflação média, o que pode significar juros baixos por alguns anos à frente. Aqui seguimos agarrados no meio do caminho do intervalo de variação do Ibovespa que nos últimos dois meses não consegue se descolar do intervalo entre 100 mil pontos e 104 mil pontos.
Consideramos ainda a forte pressão exercida por empresas querendo abrir o capital, com fila na CVM de quarenta empresas (20 ingressando com pedidos no mês) e mandatos que chegam a quase 80 empresas. Isso retira parte da pressão compradora do mercado secundário e algumas empresas já começam a reduzir os preços de lançamentos.
Durante a madrugada, a China anunciou o PMI de serviços de agosto com alta para 55,2 pontos, de anterior em 54,2 pontos. Já o PMI industrial teve leve retração para 51 pontos, vindo de 51,1 pontos. Na Turquia, o PIB do segundo trimestre registrou contração de 9,9% enquanto a leitura final do PIB da Itália mostrou contração de 12,8%. Nos EUA, os Democratas acusam Trump de inflamar tensões raciais para beneficiar sua campanha de reeleição, além de implantar o medo de, em um governo de Biden, ocorrer a chance de aumento de impostos e quebra dos mercados.
Já o mega investidor, Warren Buffett, da Berkshire Hathaway, começou a fazer novas aquisições de empresas, comprando ações de cinco tradings japonesas. No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava alta de 1,26%, com o barril cotado a US$ 43,51. O euro era transacionado em alta para US$ 1,192 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 0,74%. O ouro em queda e a prata em alta na Comex e commodities agrícolas com altas na Bolsa de Chicago.
Aqui, segundo levantamento feito, o lucro do primeiro semestre de empresas abertas não financeiras encolheu 81,9%, numa amostra de 218 empresas, saindo de valor acumulado no primeiro semestre de 2019 de R$ 49,2 bilhões, para somente R$ 8,9 bilhões. Isso já desconsiderando os resultados de empresas como Vale, Petrobras, Braskem, OI e Azul; que se colocadas na amostra, dariam prejuízo de algo como R$ 76,7 bilhões. Vejam os estragos da desta pandemia.
A agenda da semana está lotada de eventos que vão mexer com os mercados, incluindo a divulgação do Payroll na próxima sexta-feira. Hoje as expectativas recaem sobre a nova pesquisa semanal Focus e a nota de política monetária de julho, e nos EUA, discursos de Bostic e Clarida e o índice de atividade de Dallas.
Expectativa para o dia com a Bovespa tentando manter alta e contando com situação política mais tranquila antes do encaminhamento do orçamento de 2021, dólar com comportamento mais fraco e juros em queda.
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado