O dia foi de expectativas com o noticiário internacional sobre a propagação do coronavírus na China no mundo, e também sobre a decisão do FED sobre política monetária que poderia ser modificada pela incidência do vírus. Os mercados que ontem reagiram com boas recuperações, hoje foram mais comedidos.

Sobre o coronavírus, as últimas informações dão conta de 6.000 casos de infecção e 132 mortes, e fora da China já se espalha por 17 países em 69 casos de infecção. Mas a OMS (organização Mundial da Saúde), elogiou muito da postura do presidente Xi Jinping e do governo, fazendo todo o possível para isolar o vírus e reduzir a transmissão e sendo muito transparente em transmitir os acontecimentos para todo o mundo. A China impressiona pelo comprometimento, mas é fato que a contaminação já é maior que no episódio da SARS.

Já sobre a decisão do FED, transmitida rigorosamente as 16 horas, veio dentro do esperado com juros mantidos na faixa entre 1,50% e 1,75% e taxa de desconto de 2,25%. Os membros foram unânimes pela manutenção, apesar das pressões exercidas pelo presidente Trump ontem. Identificam postura apropriada para a economia e seguem monitorando as perspectivas da economia. Sobre as decisões futuras, devem incorporar ampla gama de informações. Vão prosseguir com as operações Repo de compras de ativos, identificam mercado de trabalho forte e atividade crescendo moderadamente e inflação e núcleo abaixo da meta.

A coletiva de Jerome Powell pouco acrescentou ao que já tinha sido comunicado, dizendo pouco confortável com inflação abaixo da meta e que vão rever política do Repo. Acrescentou que incertezas incluem as que estão relacionadas ao coronavírus, mas é cedo para avaliar, assim como os impactos do acordo comercial entre EUA e China. Deixou para o fim falar da importância da China para a economia global, revisões da política monetária mais para o meio do ano e preocupação com a dívida corporativa em crescimento.

Ainda no segmento internacional, existem apostas de que o BOE (Banco Central Inglês) vai reduzir juros por conta do Brexit que foi aprovado hoje pelo parlamento europeu, e o FMI diz monitorar os riscos do coronavírus para a economia global. Nos EUA as vendas de imóveis pendentes encolheram 4,9%, quando o esperado para dezembro era expansão de 1%.

No mercado internacional, o petróleo WTI negociado em NY mostrava queda de 0,43%, com o barril cotado a US$ 53,25. O euro era transacionado em queda para US$ 1,10 e notes americanos de 10 anos com taxa de juros de 1,60%, em forte queda. O ouro e a prata tiveram dia de altas na Comex e commodities agrícolas com leve viés de queda na Bolsa de Chicago.

No segmento local, o Bacen anunciou que o estoque total de crédito está em R$ 3,47 trilhões, crescendo em 2019 6,5%. E as concessões de crédito livre expandiram em 2019 14,7%. A participação no PIB atinge 47,8% em dezembro, de anterior em 47,3%. A inadimplência da pessoa física ficou em 5% e pessoa jurídica caiu para 2,1%. O endividamento das famílias está em 44,9% em novembro e os juros rotativo do cartão de crédito subiu para 318,9% ao ano, provavelmente afetado pela Black Friday.

O Tesouro também divulgou que o déficit do governo central em 2019 foi de R$ 95 bilhões, menor que a meta estabelecida de R$ 139 bilhões. Representa 1,31 do PIB e foi o melhor desde 2014. O déficit do INSS em 2019 foi de R$ 213,2 bilhões e o déficit previdenciário total (servidores e militares) em R$ 317,9 bilhões. As despesas sujeitas ao teto de gastos cresceram 6,6%, quando o limite era de +9,3%.

No mercado, dia de DIs com comportamento de queda dos juros para os vencimentos mais líquidos e dólar encerrando em alta de 0,62% e cotado a R$ 4,22. Na Bovespa, na sessão de 27/1, tivemos mais um dia de saída de recursos dos investidores estrangeiros no valor de R$ 866,9 milhões, deixando o mês de janeiro com retiradas líquidas de R$ 13,9 bilhões.

No mercado acionário, dia de alta de 0,04% na Bolsa de Londres, Paris com +0,49% e Frankfurt com +0,16%. Madri e Milão também com altas de respectivamente 0,58% e 0,57%. No mercado americano, o Dow Jones com +0,04% e Nasdaq com +0,06%. Na Bovespa, dia de queda de 0,94% e índice em 115.384 pontos.

Na agenda de amanhã, teremos a confiança do setor de serviços e o IGP-M fechado do mês de janeiro. Nos EUA, sairá o PIB referente ao quarto trimestre, os pedidos de auxílio-desemprego da semana anterior e, durante a noite indicadores de atividade na China (coronavírus pode atrapalhar a divulgação).
Alvaro Bandeira
Sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais
Fonte: www.modalmais.com.br/blog/falando-de-mercado

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